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Falta visão regional de desenvolvimento no País

Por WLADIMIR D'ANDRADE
Atualização:

O planejamento que leva em consideração características regionais ainda é negligenciado na elaboração de políticas públicas que visem o desenvolvimento e a distribuição de renda. A avaliação foi compartilhada por empresários, representantes dos governos federal e estadual que participaram hoje do seminário "Desenvolvimento Regional e a Indústria", na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.Ao ignorar projetos de desenvolvimento voltados para diferentes microrregiões, os especialistas acreditam que o País perde oportunidade de diminuir a desigualdade social, e também de gerar renda e de se tornar mais competitivo frente à concorrência mundial.O diretor do Departamento de Programas das Regiões Norte e Nordeste da Secretaria de Programas Regionais do Ministério da Integração Nacional, Henrique Ferreira, disse que o desenvolvimento regional ainda é "pouquíssimo" conhecido pela sociedade e pouco compreendido por parte dos tomadores de decisão. Para ele, o maior problema hoje para o estímulo ao crescimento de regiões carentes é a falta de infraestrutura que dê suporte à iniciativa privada, embora exista crédito disponível. O diretor ponderou que há fundos voltados ao desenvolvimento do Nordeste, Centro-Oeste e Norte do País com recursos que chegam a R$ 16 bilhões.O diretor da Coordenadoria de Planejamento e Avaliação da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional de São Paulo, José Roberto Generoso, disse que o Brasil "está engatinhando" no modo de pensar o desenvolvimento regional. Segundo ele, é necessário um trabalho conjunto entre Estado e empresas para levar o progresso a regiões excluídas. "O Estado tem que carregar a bandeira do desenvolvimento a áreas que hoje não estão no foco das empresas e tem que fazer parcerias com a iniciativa privada", afirmou. Ele defende que o governo crie compensações para atrair o empreendedor para certas regiões, como, por exemplo, o Vale do Ribeira, uma das regiões mais pobres de São Paulo.No seminário, foi citado o exemplo de transformação de Londrina (PR) que passou de produtora exclusiva de café para uma economia baseada em tecnologia do agronegócio e da saúde. O secretário do Fórum Desenvolve Londrina, Paulo Sendin, relatou que a iniciativa começou com a articulação do setor produtivo após uma geada nos anos 1970 que destruiu as lavouras de café. Com recursos governamentais e de fundações, novos setores de negócios foram desenvolvidos. De acordo com Sendin, hoje o município caminha para ser conhecido como um polo tecnológico, com empregos qualificados e negócios com maior valor agregado.AtlasNo seminário, a Fiesp lançou o Atlas de Competitividade da Indústria do Estado de São Paulo, uma ferramenta online para analisar a competitividade setorial e por região da indústria paulista.De acordo com o diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, o Atlas busca ajudar a tomada de decisão dos empresários sobre onde investir. "O Atlas é importante para os governos estadual e municipais saberem quais são as vantagens e desvantagens entre suas diferentes regiões e para que o investidor tenha uma percepção melhor na hora de locar seus investimentos", afirmou.

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