
25 de setembro de 2019 | 15h51
BRASÍLIA - Em meio à crise econômica, as famílias brasileiras aumentaram o uso do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito nos últimos meses. Dados divulgados nesta quarta-feira, 25, pelo Banco Central mostram que, nos 12 meses até agosto, o saldo total de crédito no cheque especial subiu 11,6%, para R$ 26,14 bilhões. No rotativo do cartão, a alta foi de 18,5%, para R$ 39,78 bilhões.
Juntas, essas duas modalidades de crédito – que são as mais caras oferecidas pelos bancos – registraram um saldo de R$ 65,92 bilhões em agosto. Um ano antes, em agosto de 2018, esse estoque estava em R$ 57,01 bilhões.
Os números mostram que, no período, as famílias aumentaram em R$ 8,91 bilhões o saldo de operações nas duas linhas, que devem ser usadas apenas em momentos de emergência.
“Não gostamos de ver o crescimento do saldo do cheque especial, porque ele tem que ser usado de maneira emergencial”, pontuou o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, durante a apresentação dos números. “E, mesmo com a redução da taxa de juros em agosto, o cheque especial continua sendo uma modalidade extremamente onerosa. A recomendação é não usar o cheque da mesma forma que se usa as outras linhas de crédito.”
Em agosto o juro médio do cheque especial caiu 11,8 pontos porcentuais, para 306,9% ao ano. Nos últimos 12 meses, porém, a taxa apresentou alta acumulada de 3,7 pontos porcentuais. Pelas condições atuais, quem fica devendo R$ 5.000 no cheque especial vê a obrigação subir para R$ 5.620 em um mês. Ainda que o custo seja maior, o uso do cheque especial tem aumentado.
“As pessoas estão usando mais o cheque especial pelas razões de sempre: ou houve uma despesa inesperada, ou houve falha de planejamento financeiro”, comentou Rocha. “Outra explicação é a possível ampliação do próprio limite de crédito.”
No rotativo do cartão, o juro médio subiu 6,9 pontos porcentuais em agosto e 32,8 pontos porcentuais em 12 meses, para 307,2% ao ano. Para as pessoas que pagaram pelo menos o mínimo da fatura do cartão de crédito, a taxa média do rotativo subiu 5,3 pontos no mês passado e 38,7 pontos em 12 meses, para 289,0% ao ano. Nesse caso, uma dívida de R$ 5.000 transforma-se após um mês em um compromisso de R$ 5.600.
“Tivemos um aumento da taxa do rotativo em agosto, que se soma ao que se viu nos últimos meses”, pontuou Rocha.
Apesar do avanço nos saldos do cheque especial e do rotativo do cartão, o tipo de crédito mais utilizado pelos brasileiros é o pessoal, de custo mais baixo. Em agosto, o estoque de crédito pessoal para as famílias subiu 1,0%, para R$ 494,92 bilhões. Em 12 meses, o porcentual de crescimento é de 12,9%.
No caso do crédito consignado – uma das modalidades mais baratas do crédito pessoal, já que há desconto na folha de pagamentos ou diretamente dos benefícios do INSS –, o saldo cresceu 1,1% em agosto e 11,8% em 12 meses, para R$ 367,84 bilhões.
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