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'Fareloduto' deve ligar unidades da Sadia e da Maggi em MT

Estratégia reduzirá gastos com transporte de matéria-prima em um Estado com logística deficitária

Por Roberto Samora e da Reuters
Atualização:

Um "fareloduto" de cerca de 200 metros deverá conectar o complexo agroindustrial da Sadia, em Lucas do Rio Verde, no médio-norte de Mato Grosso, à esmagadora de soja do grupo André Maggi, reduzindo gastos com transporte de matéria-prima em um Estado com logística deficitária e estradas repletas de caminhões de soja. "A Maggi vai fornecer o farelo de soja e a Sadia vai produzir ração. Quando se instalaram, prometeram ser os melhores fornecedores", afirmou à Reuters o gerente de projeto da Sadia no Mato Grosso, Nadir José Cervelin. O responsável pelas obras do que será o maior pólo de produção de frangos e suínos da Sadia disse que a fábrica de ração da empresa, com capacidade de produção de 120 mil toneladas ao mês, deverá contar com as facilidades do "fareloduto", que transportará o farelo de soja por meio de uma esteira a partir da esmagadora da Maggi, vizinha da produtora de carnes. "Foi uma questão de decisão logística quando a Maggi decidiu se estabelecer ao lado da Sadia", acrescentou o gerente industrial da Maggi, Jorge Zanata. Questionado se o "fareloduto" seria algo inédito para o setor, Zanata não quis se arriscar, mas comparou a solução logística a um pólo petroquímico, onde "empresas independentes transferem produtos entre si". "É uma coisa pensada da mesma forma, em vez de colocar no caminhão, usa-se a esteira", observou ele, preferindo não dar detalhes sobre a economia que poderá ser obtida com a eliminação do transporte rodoviário pelo "fareloduto", cuja data da construção ainda não está definida. Na mesma linha dessa otimização das atividades produtivas, a Sadia ainda negocia com a Fiagril, que montou uma fábrica de biodiesel bem ao lado da esmagadora da Maggi, o fornecimento de gordura animal para ser incorporada como matéria-prima no processo de produção do biocombustível, disse Cervelin. A Maggi, por sua vez, também está estudando a construção de um duto para o transporte do óleo de soja até a fábrica de biodiesel da Fiagril. "Se a Fiagril comprar da Maggi 100% do que precisa para produzir, praticamente 50% da nossa produção seria destinada para eles", afirmou Zanata. Processo Tanto as atividades da Sadia quanto as da esmagadora da Maggi, com capacidade para processar 3 mil toneladas de soja ao dia, estão em processos iniciais em Lucas. A Sadia já colocou em operação parcial algumas unidades que integrarão o complexo, como a própria fábrica de ração, uma das mais modernas do mundo, apesar de só prever o início dos abates de frangos em Lucas no segundo semestre deste ano. Enquanto isso, dois armazéns da esmagadora da Maggi, com capacidade total para 132 mil toneladas, também estão recebendo soja -  um deles está praticamente cheio com a safra que está sendo colhida. A processadora de soja, a maior do grupo, que quase dobrará sua produção de farelo e óleo, deve iniciar as atividades em dois meses. Calibrando o processo na Sadia Com um investimento de R$ 800 milhões, o complexo da Sadia em Lucas, que estará em pleno funcionamento ao final de 2009, ainda possui diversas unidades em construção, como os abatedouros de suínos e aves e a planta de industrialização. Mas a empresa já iniciou diversas atividades no local, até como forma de testar os processos, segundo Cervelin, que afirmou ainda que as chuvas atrasaram as obras em 30 dias no complexo, e que o trabalho está sendo acelerado agora para compensar o tempo perdido. De uma capacidade total de 4,8 mil toneladas por dia, a fábrica de ração está produzindo 600 toneladas/dia para atender às já instaladas granjas multiplicadoras de suínos e de recria de aves, além de outras unidades, incluindo algumas dos chamados integrados. Essa produção inicial, oriunda das granjas de matrizes da Sadia, situadas em outras áreas do município, começa a entrar no processo industrial da companhia. Setecentos suínos criados em integrados da unidade de Lucas estão sendo abatidos em uma prestadora de serviços de Nova Mutum (MT), e a carne industrializada na fábrica da Sadia de Uberlândia (MG). Da mesma forma, 100 mil aves produzidas em Lucas começarão a ser abatidas na planta da empresa em Várzea Grande (MT), em março. "Estamos calibrando o processo", declarou Cervelin sobre essas atividades relacionadas à operação de Lucas, observando que isso deve colaborar para a empresa alcançar objetivos de, a pleno funcionamento, consumir 950 mil toneladas/ano de milho e outras 500 mil toneladas/ano de farelo de soja, para um abate anual de 114 milhões de frangos e 1,25 milhão de suínos, cuja produção atenderá aos mercados interno e externo.

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