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Farm Bill pode reforçar protecionistas europeus, avalia Lamy

Por Agencia Estado
Atualização:

O pacote de subsídios agrícolas dos Estados Unidos, a Farm Bill, deverá ter um impacto na Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia (UE), reforçando a posição daqueles setores que defendem a manutenção do protecionismo para o setor agrícola. O alerta foi feito hoje pelo Comissário Europeu para o Comércio, Pascal Lamy, durante a Cúpula de Chefes de Estado da UE, América Latina e Caribe. Ele afirmou que o formato final da Autoridade para a Promoção do Comércio (TPA, sigla em inglês), ou ´fast-track´, também será "crucial" para o comércio mundial, pois poderá determinar o futuro das negociações multilaterais. "A Farm Bill não é uma boa notícia para o mundo, outros países vão sofrer mais do que a Europa, mas nós também sentiremos um impacto. E esse impacto vai acontecer justamente no estágio no qual estamos revisando a reforma da nossa PAC", disse Lamy. "É óbvio que isso irá dificultar as coisas e irá, pelo menos, reforçar os argumentos daqueles que, dentro da Europa, que dizem que seria estupidez a Europa desarmar unilateralmente". O negociador europeu salientou que com o lançamento da rodada multilateral da OMC no ano passado, tanto os Estados Unidos como a Europa se comprometeram a negociar reduções nos subsídios no incentivos as exportações e a promover o aumento do acesso aos mercados. "Essa Farm Bill significa que os Estados Unidos terão que conceder mais do que teriam sem ela." O comissário afirmou que a UE foi "muito sábia" ao decidir que as negociações multilaterais deveriam acontecer "mesmo naqueles tempos que os outros países estavam mais preocupados com a Europa do que com os Estados Unidos". Lamy ressaltou, no entanto, que o "problema mais imediato para todos" é o rumo da TPA. "Esse debate em Washington é absolutamente crucial para todos nós", disse. "O nome da TPA é Autoridade para a Promoção do Comércio e não Autoridade para a Prevenção do Comércio e por isso ela é importante para todos". Segundo ele, "grande parte do futuro dos caminhos para se negociar o multilateralismo vai depender dessas decisões em Washington". Lamy disse também que os Estados Unidos não podem sentir-se onipresentes na América Latina, porque não são. "A presença européia na região é mais importante que a norte-americana, e um dos exemplos disso é o acordo que acabamos de assinar com o Chile", disse o comissário. Lamy desafiou um jornalista a comparar os acordos que os EUA fazem com os países latino-americanos. "Quando o governo chileno e os EUA concluírem suas negociações poderão observar a diferença de tom e de essência desse acordo", disse. Lamy afirmou ainda que a União Européia não está obrigando nenhum país da América Latina a aderir a acordos que não sejam da conveniência dessas nações. "Apesar disso, acredito que esses países mantêm a sua opção européia e isso ficou claro nesta cúpula." Na prática, acrescentou o comissário europeu, "trata-se de uma decisão dos Parlamentos, não nossa". Lamy reconheceu ainda que as negociações com o Mercosul são complicadas, muito mais do que foram com o Chile, país a quem chamou de "Cingapura da América Latina", pela abertura econômica. "A política tarifária chilena não foi decisão nossa, mas continuaremos negociando com o Mercosul, mas não se pode imaginar que essas negociações terão a mesma magnitude alcançada com o Chile", disse.

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