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Fast track trará mais investimentos no Brasil, diz pesquisador

Por Agencia Estado
Atualização:

A versão final da Autoridade de Promoção Comercial (TPA, na sigla em inglês), aprovada pela Câmara dos EUA no sábado, não é a ideal para os interesses brasileiros, mas é melhor para o Brasil que Washington tenha a permissão para negociar acordos comerciais. "O Brasil precisa cada vez mais obter superávits e atrair investimentos. Se (o presidente dos EUA, George W.) Bush não tivesse conseguido a TPA as negociações para o livre comércio ficariam amarradas. Só que a se julgar pela essência da atual crise, nós precisamos de mais comércio exterior", afirma o professor da USP Marcos Jank, pesquisador do Banco Interamericano de Investimento (BID) e uma das maiores autoridades brasileiras em comércio agrícola. A TPA autoriza o governo a negociar acordos comerciais sem a interferência direta do Congresso. Mas, na avaliação de Jank, há mais um agravante para o Brasil no cenário das negociações comerciais internacionais. Se a atual rota da crise brasileira for mantida, levando o País a um novo acordo com o FMI, a margem de barganha de Brasília para conseguir concessões comerciais dos EUA, principais cotistas da instituição, fica ainda mais fragilizada. O Brasil negocia com os EUA a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e participa da Rodada do Desenvolvimento de negociações multilaterais da Organização do Comércio (OMC). Jank ressalta a importância do livre comércio para a economia mexicana. Apesar de ainda registrar déficits comerciais o país saiu de uma classificação de alto risco para recomendação de investimento. "O comércio exterior explodiu, os investimentos externos cresceram e o nível de emprego aumentou", diz. Desde 1995, o México faz parte do Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), com Estados Unidos e Canadá). Para o Brasil, o lado positivo mais imediato da aprovação da TPA - que ainda deve ser aprovada no Senado nesta semana - é justamente a sinalização de que as negociações para a Alca vão caminhar e, em consequência, deve aumentar o fluxo de investimentos para o Brasil. Isso pode ter impacto positivo na crise de confiança que abala o País. Jank acredita que seria melhor para o Brasil se a versão da TPA não tivesse tantas restrições. A lei aprovada deixa fora das negociações comerciais os temas de defesa comercial (antidumping, salvaguardas e subsídios) e de acesso a mercados e subsídios para a agricultura. "A TPA amarra muito a mão do negociador no processo de criação da Alca, mas dá combustível para os EUA negociarem uma maior liberalização comercial no âmbito da OMC", afirmou. Na semana passada, os EUA apresentaram à OMC uma proposta para redução paulatina dos subsídios à agricultura. A proposta prevê, numa primeira fase, a redução dos subsídios às exportações, praticados em maior volume por União Européia e Japão - que rejeitam o plano. Somente após a redução dos incentivos às exportações, segundo o projeto dos EUA, é que se lidará com os apoios internos à produção. Em termos de Alca, a obtenção da TPA por Washington dá maior intensidade às negociações. O Brasil terá agora de deixar claro o que quer do acordo "porque os EUA vão querer negociar e se as negociações não avançarem, eles buscarão outras formas de livre comércio, como acordos bilaterais com outros países da região", afirma. O Brasil, de forma geral, se opõe às leis de defesa comercial dos Estados Unidos e seus mecanismos e condiciona a assinatura do acordo da Alca a uma maior abertura do mercado agrícola norte-americano.

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