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Fatia de investidor externo no País sobe 81% em 7 anos

Por Fabio Graner
Atualização:

Nos últimos sete anos, a participação de investidores estrangeiros no Brasil cresceu 81%, mostrando uma tendência de forte internacionalização da economia brasileira. A constatação é da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), em sua carta bimestral. No período analisado pela entidade, o chamado passivo externo bruto - divulgado pelo Banco Central e que é composto de investimentos estrangeiros diretos (IED), investimentos de portfólio e dívida em mãos de estrangeiros - subiu de US$ 372,06 bilhões para US$ 673,69 bilhões. Em termos líquidos, o passivo externo do País avançou menos: 54,4%. Isto porque os ativos mantidos por brasileiros no exterior passaram de US$ 264,97 bilhões em 2001 para US$ 409,10 bilhões em março de 2007, a última posição disponível divulgada pelo BC. Volatilidade Apesar do aumento da exposição externa líquida do País, a Sobeet avalia que a vulnerabilidade externa se reduziu de forma "inegável". O documento destaca, nesse sentido, o significativo acúmulo de reservas internacionais, permitido pelos elevados saldos na balança comercial e pelo fluxo de capital financeiro. Mas a Sobeet lembra que isto teve custo. "Apesar de crucial para a redução da vulnerabilidade externa, o acúmulo de reservas envolve um custo fiscal devido ao diferencial entre as taxas de juros interna e a externa", diz a Sobeet. Mesmo reconhecendo o custo, a política de acumulação de reservas, para a Sobeet, é "desejável", pois amplia a capacidade de o BC enfrentar volatilidades no mercado de câmbio. "Nesse sentido, a experiência dos anos 1990 sugere que as reservas devem ser formadas a partir do superávit de transações correntes e do IED, cujos fluxos de divisas se mostraram mais estáveis", diz a Sobeet. Câmbio A Sobeet também analisa que o crescente fluxo de capitais para o Brasil, tanto decorrente do comércio exterior como de capitais financeiros, determinou a apreciação do real nos últimos anos. "Esse movimento se desdobrou em contribuições à desaceleração inflacionária e à ampliação da capacidade de oferta de bens, influenciando na tendência de flexibilização da política monetária e na ampliação do poder de compra das famílias", afirma o documento. "Por que, então, a contração da liquidez internacional iniciada pela crise dos mercados hipotecários de segunda linha (subprime) não reverteu a tendência favorável da economia brasileira?", questiona a própria Sobeet. A resposta dada pela entidade utiliza uma combinação de fatores que vai desde a atuação rápida dos principais BCs do mundo, atenuando a crise, até o fato de que o Brasil ampliou sua inserção externa não só pela via financeira, mas também pela comercial.

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