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Fator: dólar deve manter tendência de alta

Sem perspectivas positivas, os fatores que mantêm o dólar em alta devem permanecer no cenário. São eles: escassez de energia, redução nos investimentos diretos, saldo negativo na balança comercial e perspectivas políticas negativas.

Por Agencia Estado
Atualização:

A tendência de alta para o dólar é justificada por fatores conjunturais econômicos de curto e médio prazos. De acordo com José Carlos Santos, diretor de risco do banco Fator, o problema de escassez de energia, a expectativa de redução nos investimentos diretos, o saldo deficitário da balança comercial, a dificuldade das empresas em captar recursos no mercado internacional para períodos mais longos e as incertezas em relação ao processo eleitoral para a Presidência da República são os principais motivos. Santos avalia que o problema de energia no Brasil reduz as perspectivas de crescimento para o País. Os economistas da instituição alteraram a perspectiva para o PIB brasileiro nesse ano de 4,3% para 3,2%. Essa tendência, segundo Santos, deve provocar uma diminuição nos investimentos diretos para o País. "A nossa avaliação é de que esse volume fique em US$ 16 bilhões em 2001", afirma. No ano passado, os investimentos diretos somaram US$ 30 bilhões. No início do ano, a maioria dos analistas estimava que o volume de investimentos diretos para o Brasil seria de US$ 26 bilhões. Muitas instituições, assim como o banco Fator, já revisaram suas projeções. Outro exemplo é Citibank. De acordo com o relatório da instituição divulgado no início dessa semana, esse volume deve ser reduzido para US$ 20 bilhões em função do problema de escassez de energia. Mas já há analistas prevendo que chegarão no máximo em US$ 18 bilhões, como a Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização Econômica). Balança comercial O diretor do banco Fator ressalta que o saldo da balança comercial deficitário - importações maiores que exportações - também provoca uma tendência de alta para a cotação da moeda norte-americana. No acumulado do ano - de janeiro a maio -, o saldo negativo é de US$ 547 milhões. Nesse mesmo período do ano passado, a balança comercial tinha um saldo positivo, com exportações maiores que importações, de US$ 528 milhões. A alta do dólar poderia melhorar o resultado da balança comercial, já que torna os produtos nacionais mais baratos no exterior. Porém, Santos lembra que não é suficiente para amenizar o saldo negativo para a balança comercial. Isso porque a maioria das relações comerciais do Brasil incluem, além dos Estados Unidos, a Europa, onde o euro também está desvalorizado em relação ao dólar. "Nesse caso, o resultado da balança é prejudicado", avalia o diretor do banco Fator. Cenário político Santos avalia que as incertezas em relação ao processo eleitoral dificultam a capacidade das empresas em captar recursos no exterior em operações com vencimento após o período de eleições. "A crise de energia afetou a imagem do governo e há a possibilidade de que a oposição ganhe as eleições. Nesse caso, com o aumento das incertezas, as empresas não conseguem captar e nem negociar suas dívidas no exterior em prazos acima de dois anos", avalia. O diretor do banco Fator destaca que isso já é percebido e será reforçado nos próximos três meses, quando vencem dívidas de empresas brasileiras no exterior no total de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões.

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