30 de julho de 2010 | 00h00
Sem dúvida, como disse o sócio-diretor da RC Consultores, Fabio Silveira, a ata procura explicar parte do erro de análise da ata anterior, na qual o superaquecimento, de três meses, da economia foi projetado para o ano.
Merece destaque o fato de o Copom, que costuma avaliar tendências de longo prazo, sem privilegiar fatos do momento nas suas decisões, ter introduzido a expressão "na margem", que não fazia parte do seu vocabulário. Assim, mostrou-se mais sensível do que no passado a um fato recente, como a queda dos índices de inflação depois da 151.ª reunião, de junho, que avalia como tendência duradoura.
Na ata, as autoridades monetárias procuram anunciar que o ciclo de aperto monetário está na sua fase final diante da evolução da conjuntura, deixando aberta, porém, a possibilidade de voltar a acionar uma política monetária restritiva, se novos fatos se impuserem.
Nessa nova visão, destaca-se a redução dos índices de inflação, e as autoridades monetárias notam que as expectativas em relação à inflação respondem mais rapidamente às decisões da política monetária.
As perspectivas para a evolução da atividade econômica doméstica continuam favoráveis, embora com maior moderação. No terreno da economia internacional nota-se que, apesar da lentidão da recuperação da economia norte-americana, das dúvidas sobre a dívida soberana de alguns países da Europa e de uma queda no dinamismo da China, há um recuo dos níveis de risco.
Essa é uma visão que pode parecer ainda otimista, e o texto da ata parece justificar essa dúvida quando reconhece que "a demanda doméstica se apresenta robusta em grande parte devido aos efeitos de fatores de estímulo como o crescimento da renda e a expansão do crédito. Além disso, estímulos fiscais e creditícios foram aplicados nos últimos trimestres e deverão contribuir para a consolidação da expansão da atividade".
Não nos parece ruim que as autoridades monetárias levem em conta fatores novos da conjuntura para tomar suas decisões, o que talvez justificaria que o Copom voltasse a se reunir a cada mês para melhor aferir as mudanças econômicas. Na realidade, as autoridades monetárias têm a difícil tarefa de prever o longo prazo sem ignorar a situação presente.
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