Publicidade

Fazenda vai rever para baixo previsão de crescimento de 2011

Equipe aguarda resultado do PIB no terceiro trimestre para mudar a estimativa atual, de 3,8% de crescimento no ano

Por BRASÍLIA
Atualização:

O governo poderá rever para baixo sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, disse ao Estado o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Ele aguarda os resultados da economia no terceiro trimestre, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga no próximo dia 6, para provavelmente cortar a estimativa atual, divulgada na última sexta-feira, que é de 3,8%. Embora tenha sido oficializada recentemente, a projeção de 3,8% já está defasada. Ela foi feita antes da divulgação do IBC-Br, um índice calculado pelo Banco Central que é uma espécie de prévia do PIB, que apontou queda de 0,32% no terceiro trimestre. Os cálculos que o Ministério da Fazenda faz para consumo interno também mostram uma desaceleração mais forte do que o esperado. "Pode ser que caia para 3,5%", admitiu o secretário, mas ele próprio já mencionou 3% como piso para a estimativa. Barbosa acha, porém, que uma recessão, caracterizada pela queda do PIB em dois trimestres consecutivos, é "improvável" em 2011. "A previsão é que tenha recuperação no quarto trimestre", disse. Segundo explicou, as empresas costumam liquidar estoques no terceiro trimestre e precisam retomar a produção no quarto. Por isso é esperada alguma aceleração na atividade econômica. Recuperação. Quadro muito diferente é esperado para 2012. "Estamos mantendo nossa projeção de 5% de crescimento", afirmou o secretário - embora, internamente, os técnicos trabalhem com 4%. "Só os estímulos que já contratamos garantem uma taxa de 4%", calculou. "Aí teremos uma recuperação do investimento público, o investimento privado vem junto, e chegamos em 5%." Na sua avaliação, o mercado exagera ao estimar uma taxa de expansão do PIB de 3,5% no ano que vem. "O mais importante é que para frente o que já está contratado é uma aceleração da economia", afirmou o secretário. Os estímulos a que o secretário se refere são: o reajuste do salário mínimo, o fôlego dado às pequenas e microempresas com o aumento dos limites do Supersimples e os reflexos dos cortes já feitos na taxa básica de juros da economia (Selic). Há também as medidas de estímulo ao crédito anunciadas há duas semanas pelo Banco Central, cujos resultados serão visíveis por volta de março ou abril. "Vamos começar o ano com um PIB mais desacelerado", previu. "A partir do segundo trimestre, porém, será visível o reaquecimento da atividade econômica", ressaltou.Esse quadro depende, porém, de uma grande incógnita: o que acontecerá com a economia na zona do euro e nos Estados Unidos. "Esse é um cenário em que não há uma crise financeira na Europa", ressalvou Barbosa. "É para o caso de ficar como está hoje: uma recessão na Europa e uma desaceleração nos Estados Unidos." Se houver uma crise bancária, admitiu o secretário, o quadro será totalmente diferente. "Mas acho que não vai acontecer não, o Banco Central Europeu não deixa." /L.A.O.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.