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Febraban e analistas aprovam decisão do Copom

Por Agencia Estado
Atualização:

O economista chefe da Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban), Roberto Troster, disse que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), de manter a taxa básica de juros em 18,50% ao ano, com viés de baixa, foi adequada, pois "acalma o mercado, ao mesmo tempo em que indica a perspectiva de redução dos juros". Segundo ele, o Banco Central cumpriu seu papel de estabilizador da economia. A decisão também foi considerada acertada pelos analistas em Wall Street, diante da turbulência recente. O economista-sênior do banco Bear Stearns, Tim Kearney, acredita que, apesar de a decisão estar em linha com o esperado pelo mercado, o nervosismo e a volatilidade no mercado brasileiro devem continuar. "O comentário sobre inflação e o quadro conjuntural adverso me surpreenderam um pouco, além de não deixar claro para o mercado o que vai influenciar um corte de juros agora", disse Kearney à Agência Estado. Para Kearney, o Banco Central somente poderá baixar os juros quando primeiro conseguir estabilizar a taxa de câmbio. "E não vice-versa, ou seja, não será possível forçar uma queda na cotação do real através de um corte de juros neste momento", acrescentou. Na opinião do estrategista internacional de câmbio do banco HSBC, Marc Chandler, a manutenção da taxa Selic era a única decisão possível neste momento. "O câmbio está muito enfraquecido ainda para permitir um corte nos juros", disse Chandler à Agência Estado. Para ele, como a decisão do Copom já era bastante esperada pela maioria dos analistas, a manutenção da Selic, mesmo com um viés de baixa, não deverá ter um impacto significativo nos preços dos ativos. "Se o Copom tivesse baixado a taxa Selic hoje, o Real registraria uma nova desvalorização", afirmou. Chandler acredita que o câmbio poderá se fortalecer no curto prazo para um nível ao redor de R$ 2,62. "Isso motivado pela intervenção do BC no mercado de câmbio, pela recompra de títulos da dívida externa e também pelo reforço do dinheiro do FMI e Banco Mundial", acrescentou. Viés X estabilidade no câmbio Não será uma taxa específica para o dólar que determinará a utilização ou não do viés de baixa para a Selic pelo Banco Central, mas sim uma taxa mais confortável aliada necessariamente à maior estabilidade desse mercado. A opinião é do economista chefe do banco J.P. Morgan, Luís Fernando Lopes. "Se fosse a taxa isoladamente, bastaria o Banco Central entrar no mercado vendendo US$ 5 bilhões, o dólar caía e ele cortava os juros", comenta Lopes. "O que ele estará olhando é o sentimento no mercado, que permita afirmar estabilidade para o câmbio, hoje a única variável que leva a trajetória futura de inflação para fora da curva que o BC deseja", acrescenta. De que maneira poderá se confirmar esse sentimento de estabilidade? "Com os juros futuros voltando aos patamares anteriores ao aumento do nervosismo, com o cupom cambial tranquilo e, claro, com o câmbio menos estressado, tudo isso sem a necessidade de intervenção do BC", responde o economista do J.P. Morgan. Nesse sentido, ele não descarta que a autoridade monetária poderia "testar" esse sentimento do mercado após algumas intervenções pontuais no câmbio - que não descarta para os próximos dias - e, depois disso, deixar que o mercado se equilibre com suas próprias pernas.

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