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Febraban prevê PIB menor e inadimplência recorde em 2009

Projeção de crescimento da economia recuou em 2009, de 1,9% para 0,3%; entidade não descarta PIB negativo

Por Ana Paula Ribeiro e da Agência Estado
Atualização:

Levantamento feito pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) junto a 33 instituições financeiras mostra que o setor está mais pessimista com a economia brasileira neste ano. A projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 passou de 1,9% na pesquisa realizada em janeiro para 0,3% nos dados colhidos em 19 e 20 de março.

 

A expectativa dos bancos também é de recorde na inadimplência. Desde a última edição da pesquisa da entidade, em janeiro, a expectativa dos bancos para atrasos superiores a 90 dias nos pagamentos de empréstimos subiu de 4,9% para 5,4% até dezembro.

 

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O economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, não descarta, ainda, a possibilidade do PIB ser negativo em 2009. Isso dependerá, segundo ele, da capacidade de recuperação da economia norte-americana. Na última segunda, o mercado financeiro reduziu pela terceira vez seguida a previsão para o crescimento do PIB em 2009 e agora projeta uma leve alta de 0,01% da economia brasileira este ano, segundo a pesquisa Focus, divulgada pelo Banco Central. A previsão oficial do governo de crescimento também caiu pela metade, de 4% a 4,5%, passou para 2% em 2009.

 

Os bancos esperam que o PIB do setor agropecuário tenha um recuo de 0,3% e o industrial, de 1,3%, este ano. O único setor em que é esperada elevação é o de serviços, com alta de 1%. Rubens Sardenberg lembrou que o setor de serviços é normalmente o menos impactado pelos ciclos econômicos e, por isso, conseguirá manter a variação positiva, principalmente pela atividade gerada pelo setor público.

 

Para a produção industrial, a Febraban espera recuo de 1,7%, ante crescimento de 1,3% na pesquisa anterior. As instituições financeiras apontam ainda para uma redução na expectativa da taxa de inflação medida pelo IPCA este ano, de 4,6% para 4,3%. Para a taxa Selic, as instituições consultadas esperam que atinja, ao final deste ano, nível de 9,25%, ante 10,75% no levantamento anterior. Para a próxima reunião do Copom, em abril, a pesquisa aponta para um corte de 1 ponto porcentual, o que faria a taxa chegar em 10,25% ao ano. Um outro corte de 1 ponto porcentual seria feito no encontro de junho, segundo a expectativa dos bancos, o que colocaria a taxa em 9,25%.

 

Menos crédito

 

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Os bancos também esperam uma expansão menor do crédito, de 14,2% na pesquisa realizada entre os dias 19 e 20 de março, ante 16,2% do levantamento realizado em janeiro. Em 2008, o crédito no País cresceu 31,1%. Para a pessoa física, a projeção foi reduzida de 15,9% para 13,9%. Ao contabilizar apenas o financiamento de veículos, a expectativa passou de 14,6% para 12,5%.

 

Em relação às empresas, a deterioração das expectativas é maior, com a projeção passando de 19,1% para 15,8%. "Até o final do ano havia expectativa de que a economia brasileira seria menos afetada. Agora, com atividade menor, se espera menor demanda por crédito", afirmou o economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg.

 

Superávit primário

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O levantamento mostra ainda uma elevação de 2,1% para 2,5% na expectativa de superávit primário para este ano. Apesar do esperado esforço fiscal maior, a pesquisa da Febraban indica que a dívida líquida do setor público deve ficar em 36,9% do PIB em 2009 ante expectativa de 35,7% em janeiro.

 

Para a balança comercial, os bancos consultados esperam que o superávit fique em US$ 13,8 bilhões ante US$ 13,12 bilhões. Esse resultado é a diferença entre as exportações esperadas de US$ 166,1 bilhões e as importações de US$ 152,3 bilhões. Em janeiro, a expectativa era de que as vendas ao exterior somassem US$ 171,6 bilhões e as compras de produtos importados atingissem US$ 158,5 bilhões.

 

Para o Investimento Estrangeiro Direto (IED), a pesquisa da Febraban aponta para a entrada de US$ 21,3 bilhões ante US$ 22,1 bilhões da pesquisa feita em janeiro. Das instituições consultadas, 33,3% apostam que a economia brasileira começará a se recuperar em 2009. Já para 59,3% dos pesquisadas, essa recuperação só irá ocorrer a partir de 2010. Um grupo de 7,4% espera que a retomada dos crescimento só ocorra a partir de 2011.

 

(Com Reuters)

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