Nos canaviais de Sertãozinho, a paisagem mais triste se vê dos portões oxidados da Companhia Albertina. A usina próxima do distrito de Cruz das Posses, capaz de colher e processar 1,5 milhão de toneladas de cana, foi a primeira a quebrar depois da crise internacional de 2008. Em recuperação judicial desde então, a empresa fechou em fevereiro de 2012, logo depois do veto de seu principal credor à venda de seus ativos agrícolas por R$ 180 milhões. Mais de 2 mil empregados foram demitidos.
Conforme dados de 2009, a empresa deve um total de R$ 245 milhões a 460 credores. A única salvação para a usina seria um leilão, jamais convocado. Suas instalações em Sertãozinho acumulam mato e ferrugem e tornaram-se moradia de dez cães abandonados. Apenas oito vigias são mantidos como funcionários, além do administrador Marcos Fávolo. A usina, que processou 148,5 mil toneladas de açúcar e 33,8 milhões de litros de álcool na safra de 2008, já não tem condições de ser recuperada. Virou sucata, assim como suas colheitadeiras e seus caminhões, em cujas boleias crescem mudas de cana.
Seus três barracões de açúcar e os tanques de álcool permanecem vazios, e o posto de combustível exclusivo da usina acabou destruído. “Dá tristeza de ver a usina desse jeito”, afirmou o vigia Jacir Pereira dos Santos, que começou na empresa em 1990 como cortador de cana.
Seu colega Ailton de Oliveira preocupa-se com o fato de a empresa não recolher o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Para nós, está bom assim. Eles pagam direitinho. Mas, se eu for dispensado, só vou receber o FGTS se entrar na Justiça”, disse.
Desde o fechamento da usina, Viviane Carolo, a proprietária, não mais apareceu por lá, segundo os vigias. O Estado procurou o gestor financeiro da empresa, Marcelo Milliet, mas não obteve resposta. Em Sertãozinho, empresários locais costumam dizer que, se Viviane passar, “nóis cobra ela”.