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Fechamento da Shell ameaça abastecimento argentino

Por MARINA GUIMARÃES
Atualização:

A decisão política do governo de Néstor Kirchner de fechar a refinaria da Shell na Argentina, ontem à noite, coloca em risco o abastecimento de combustíveis do país. O fechamento ocorreu por volta das 21 horas, por parte dos funcionários da Secretaria de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. A medida foi antecipada pela Agência Estado na última segunda-feira com base no relatório ambiental da secretária Romina Picoloti sobre a empresa, que vazou para a imprensa local. A secretária é investigada pela Justiça por nepotismo e desvio de verbas, mas mesmo assim teve o poder de fechar uma multinacional e acusá-la de cometer várias irregularidades e atentados contra o meio ambiente. Os funcionários da secretaria que fecharam a refinaria desembarcaram em oito camionetas Toyota Hylux, automóveis que integram as denúncias de mal uso das verbas públicas por parte de Picoloti. A Shell não explora hidrocarbonetos no país, mas é a segunda maior refinaria da Argentina e a decisão de Kirchner põe em risco o abastecimento, segundo analistas consultados. A empresa cobre quase 20% das vendas de gasolina no mercado interno e pouco mais de 12% de diesel. Irregularidades A companhia é acusada pelo governo de cometer seis irregularidades que vão desde a falta de autorização para extrair água do Rio de la Plata a um deficiente sistema de tratamento de resíduos perigosos. Mas o real motivo para o fechamento da refinaria, segundo analistas, é a péssima relação entre os diretores da companhia e o Governo de Kirchner. Uma briga que se arrasta há dois anos e que começou com um aumento não autorizado dos preços de gasolina, passou por uma abrupta e exagerada resposta de Kirchner convocando a população à um boicote contra a empresa e continuou com críticas do presidente da Shell à política econômica oficial. Na semana passada, o secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, pediu a prisão dos diretores da Shell, baseado na velha Lei de Abastecimento, a qual prevê multas e prisão para garantir o fornecimento de produtos básicos. Moreno acusa a empresa pela falta de óleo diesel, mas a crise desse produto tem sido generalizada. A companhia argumenta que sofre uma perseguição do governo.

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