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Fed e BCs se juntam para dar liquidez ao mercado

Por GLENN SOMMERVILLE E EMILY KAISER
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O Federal Reserve e outros bancos centrais se uniram nesta terça-feira para injetar centenas de bilhões de dólares em recursos nos mercados de crédito, permitindo que as empresas financeiras usem hipotecas como colateral. As ações dispararam e os preços dos bônus caíram em reação às medidas, em um sinal de que o mercado viu o plano como um remédio efetivo para enfrentar a crise que tem ameaçado o crescimento global. Os bancos centrais que anunciaram o plano são o Fed, o Banco do Canadá, o Banco da Inglaterra, o Banco Central Europeu (BCE) e o Banco Nacional da Suíça. "No curto prazo, o Fed e os outros bancos centrais deram o que todos precisavam, e isso é dinheiro", disse Martin Blum, diretor de pesquisa sobre mercados emergentes da UniCredit, em Viena. "As medidas... lidam com essa questão ao tornar mais fácil para os bancos tomar dinheiro." O Fed ampliou seu programa de financiamento, oferecendo até 200 bilhões de dólares em ativos do Tesouro, de alta liquidez, aos dealers primários, com garantia de 28 dias. O montante de dinheiro oferecido expande de forma significativa o tipo de títulos hipotecários que podem ser usados como colateral. Com isso, o plano permite que as notas hipotecárias, sem aceitação no mercado, sejam trocadas por títulos que podem ser vendidos facilmente. As medidas foram tomadas após o anúncio do Fed, na sexta-feira, de que ampliaria os leilões de dinheiro de curto prazo para 100 bilhões de dólares em março e de que lançaria uma série de acordos de recompra com valor estimado de 100 bilhões de dólares. Assim, o valor total das ações recentes chega a 400 bilhões de dólares. Como parte das últimas medidas, o BCE informou que fará um leilão de até 15 bilhões de dólares por um prazo de 28 dias. O Banco Nacional na Suíça injetará 6 bilhões de dólares, e o Banco do Canadá vai fornecer 4 bilhões de dólares canadenses. Apesar da reação positiva do mercado, alguns analistas questionaram se as novas medidas vão ter alcance muito duradouro. Esforços anteriores do Fed e de outros BCs foram bem-sucedidos em ressuscitar os mercados por um prazo curto, apenas para que eles se complicassem novamente e emergisse um novo surto da crise de crédito. "Essa atitude do Fed é boa por um dia ou dois", disse Michael Cheah, gestor de portfólio da AIG SunAmerica Asset Management, em Jersey City, Nova Jersey. "Há três problemas no mercado: um é o custo do dinheiro, e depois vêm a liquidez e o risco de contrapartida. O Fed pode fazer de tudo nas primeiras duas coisas, ao tentar reduzir o juro e o custo do dinheiro. Mas essas medidas não vão diminuir o risco." Os bancos perderam a fé uns nos outros após sete meses de turbulência. Eles ficaram relutantes em emprestar dinheiro uns aos outros, aumentando o custo do crédito para os consumidores e para as companhias que alimentam a economia global. A medida do Fed será posta em prática em leilões semanais, com início em 27 de março, informou o banco central norte-americano. Ele informou que ainda está consultando os dealers primários sobre a estrutura específica do leilão. O Fed também anunciou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) autorizou o aumento das atuais linhas de swap com o BCE e o BC suíço. (Reportagem adicional de Al Yoon, em Nova York)

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