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Fed está pronto para apoiar economia dos EUA, diz Bernanke

Por MARK FELSENTHAL
Atualização:

O chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, sinalizou nesta quarta-feira que o banco central norte-americano está preparado para fazer novos cortes de juros para evitar que a queda do setor imobiliário e o aperto do crédito causem mais danos na fraca economia norte-americana. Apresentando o relatório semi-anual sobre a economia ao Congresso, Bernanke ressaltou os recentes dados mostrando uma inflação elevada, mas deixou claro que a principal preocupação do banco central é de que a economia não consiga se recuperar ainda este ano. "É importante reconhecer que os riscos para o crescimento persistem", disse Bernanke à Comissão de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos. "(O Fed) vai avaliar cuidadosamente as informações que virão sobre as perspectivas econômicas e vai agir no momento oportuno, do modo necessário, para apoiar o crescimento e fornecer a garantia adequada contra os riscos", disse. O banco central reduziu sua taxa básica de juros de 5,25 por cento para 3 por cento, em cinco cortes desde meados de setembro. Os mercados financeiros viram o discurso de Bernanke como uma forte sinalização de um novo corte de 0,50 ponto percentual na próxima reunião do Fed em 18 de março. "Eu acho que eles provavelmente estão fazendo a coisa certa, se focando mais no crescimento do que na inflação. Eles estão querendo injetar mais combustível no sistema, e é isso que eles precisam fazer", disse Firas Askari, chefe de operações cambiais da BMO Capital Markets em Toronto. O dólar atingiu um recorde de baixa ante o euro após as declarações de Bernanke, e os preços dos títulos do governo norte-americano caíram. As ações inicialmente se mantiveram em território negativo, mas reverteram a tendência à medida que um órgão regulador norte-americano deu sinal verde para as companhias do setor de financiamento imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac investirem mais capital no mercado hipotecário. O fôlego no mercado acionário, porém, não durou. No final da tarde, os principais índices voltavam a operar em queda. EQUILÍBRIO DELICADO Bernanke disse que embora o banco central espere que a inflação desacelere, riscos de que as pressões dos preços continuem elevadas aumentaram, realçando a difícil situação que os formuladores de políticas monetárias estão enfrentando. "Os aumentos nos preços de energia e de outras commodities nas últimas semanas, junto com os últimos dados dos preços ao consumidor, sugerem um risco um pouco maior para as projeções tanto da inflação geral como do núcleo em relação a o que vimos no último mês", disse ele. Um relatório da semana passada mostrou que os preços ao consumidor subiram 0,4 por cento em janeiro, um pouco mais do que o esperado. O Fed geralmente corta a taxa de juros para impulsionar a economia mas aumenta a taxa quando quer diminuir as pressões inflacionárias. Uma inflação acima do desejado pode restringir as opções do banco central norte-americano à medida que este procura colocar um piso sob a economia que está desacelerando. Se o público começar a duvidar da disposição do Fed em combater a inflação, isto atingiria a habilidade do banco central em apoiar a economia, acrescentou Bernanke. "Qualquer tendência de que as expectativas de inflação fiquem descoladas ou de que a credibilidade do Fed possa ser erodida poderia complicar muito a tarefa de sustentar a estabilidade dos preços, e poderia reduzir a flexibilidade (do Fed) para conter desaquecimentos econômicos no futuro", disse. Há uma semana, o banco central norte-americano diminuiu sua perspectiva de crescimento econômico para 2008 em 0,50 ponto percentual para entre 1,3 e 2 por cento, ao mesmo tempo em que aumentou a sua projeção para desemprego e inflação. O chairman do Fed lembrou que a política monetária afeta a economia apenas após algum tempo e disse que o Fed precisa manter em mente o caminho provável para a economia, assim como os riscos que enfrenta. "Uma tarefa crítica para o Federal Reserve para este ano será avaliar se a política monetária está apropriadamente calibrada para atingir nossos objetivos de mandato de máximo emprego e estabilidade de preços em um ambiente com riscos para o crescimento, condições de créditos apertadas e pressões inflacionárias", disse ele.

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