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Fed estimula apostas em novo recorde da Bovespa

Por JULIANA SIQUEIRA
Atualização:

A decisão do Federal Reserve de cortar o juro básico norte-americano em 0,50 ponto percentual abriu espaço para apostas de que a Bolsa de Valores de São Paulo vai buscar novos recordes. "Se não tiver surpresas negativas no mercado financeiro, a tendência é o mercado melhorar bem e seguir com esse tom positivo (no curto prazo)", afirmou Marcelo Paixão, gestor da Principia Capital Management. "Nesse cenário, a bolsa pode voltar a seu nível recorde." O fechamento recorde do Ibovespa, de 58.124 pontos, foi registrado em 19 de julho. Depois disso, problemas no setor de hipoteca de risco dos Estados Unidos iniciaram um processo de venda de ações no mundo inteiro --levando o indicador brasileiro para abaixo de 45 mil pontos em menos de um mês. Desde o fim de agosto, entretanto, o mercado começou a se recuperar, em parte pela aposta de que o Fed cortaria o juro para estimular a economia, expectativa que se tornou realidade nesta terça-feira. "O Fed teve uma postura pró-ativa, se antecipou ao movimento de uma eventual recessão nos EUA... Agora acho que esse fantasma do 'subprime' tende a estar mais controlado... agora a bolsa volta ao patamar em que estava, buscando 60 mil pontos", estimou Luiz Pizani, operador de câmbio da corretora Liquidez. O banco central dos EUA decidiu por unanimidade cortar o juro básico para 4,75 por cento ao ano e disse que a ação pretende ajudar a evitar efeitos econômicos adversos da turbulência financeira. A decisão também incentivou algumas apostas de que o Brasil terá mais espaço para cortar a Selic, o que aumenta a atratividade da Bovespa. "A notícia é boa para o Brasil e para emergentes. A crise é bastante séria e essa medida tem grandes chances de atenuar o tamanho do problema. É um sinal muito bom", avaliou Luiz Gustavo Medina, sócio da m2 Investimentos. MERCADO AINDA ATENTO AO FED O Ibovespa subiu mais de 4 por cento e fechou no maior patamar desde o final de julho, a 56.666 pontos. Também foi a maior valorização desde março. "No curto prazo, (a decisão) permite a leitura de que a situação está pior do que se pensava, mas eu não concordo. Acho que no médio e longo prazos é uma decisão super importante. O Brasil continua atrativo", disse Álvaro Bandeira, diretor da Ágora Sênior CTVM. Para Alexandre Póvoa, economista-chefe da Modal Asset Management, a medida demonstra que o Fed está bastante preocupado com a economia. "O mercado gostar é normal... mas (o Fed) ter mudado a mão e cortado 0,50 ponto --e, pior que isso, reconhecendo que (o juro) caiu mesmo com risco de inflação-- é realmente um sinal de que há uma preocupação muito forte em relação à atividade, muito mais forte do que se imagina", disse Póvoa. "Essa série (de medidas de BCs) que tem acontecido nos últimos tempos... mostra o tamanho do problema. Certamente está longe de dizer que o problema está resolvido, muito pelo contrário. A situação é grave." Com a alta desta terça-feira, o Ibovespa acumula agora ganho de 3,7 por cento em setembro e de 27,4 por cento em 2007, rumando para o quinto ano seguido de valorização. (Com reportagem adicional de Silvio Cascione)

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