Os dirigentes do Federal Reserve norte-americano concordam que a taxa de juros americana não deve ser elevada antes de abril, mostra a ata da reunião realizada em 16 e 17 de dezembro. Os membros da autoridade viram a turbulência no exterior como um risco significativo para a economia dos EUA. De acordo com a ata, os participantes da reunião "viram a situação internacional como uma fonte importante de risco negativo para a atividade doméstica real e o emprego".
Por outro lado, os dirigentes minimizaram esses riscos, em parte porque esperam que outros bancos centrais reajam com medidas de estímulo. "Embora alguns participantes tenham rebaixado suas avaliações sobre a perspectiva para o crescimento da economia global, vários notaram que a probabilidade de novas respostas por parte dos formuladores de políticas no exterior cresceu", diz a ata.
A avaliação sobre os riscos no exterior, e outras referências sobre bancos centrais estrangeiros contidas na ata, são importantes porque o Banco Central Europeu (BCE) tem reunião de política monetária marcada para 22 de janeiro e é ampla no mercado a expectativa de que ele lance um novo programa de compras de bônus para estimular a economia da zona do euro.
O colunista Jon Hilsenrath, do Wall Street Journal, observou que dirigentes do Fed raramente comentam decisões de outros bancos centrais. Mas a ata de dezembro inclui várias referências ao peso que os dirigentes do Fed e participantes dos mercados estão dando a novas medidas visando estimular a economia, numa advertência sutil de que os mercados poderão reagir negativamente se esses bancos centrais, especialmente o BCE, não atenderem às expectativas.
O documento também diz que os mercados "têm sido influenciados de maneira importante pelas preocupações quanto à perspectiva de crescimento econômico no exterior e pelas expectativas associadas de medidas de política monetária na Europa e no Japão".
Petróleo. Os dirigentes do Fed também discutiram as implicações da queda forte dos preços do petróleo (que persistiu depois da reunião de dezembro). Alguns viram a queda como sintoma de crescimento econômico lento no exterior - que poderá ser um freio para a economia dos EUA, mas disseram quer esse risco deverá ser contrabalançado pelos benefícios que os consumidores dos EUA devem receber por conta dos preços mais baixos dos combustíveis.
Segundo a ata, os participantes da reunião também mostraram preocupação com a pressão baixista da inflação e das expectativas quanto à inflação, mas consideraram que essa pressão deve ser temporária.
"Vários participantes, apontando para indicadores de confiança do consumidor e do empresariado, assim como os ganhos sólidos do nível de emprego em 2014, sugeriram que a economia real pode acabar mostrando um impulso de crescimento maior do que se previa, enquanto uns poucos pensaram que o impulso aos gastos domésticos resultante dos preços mais baixos da energia poderá ser bastante grande", diz a ata.
(Com Agência Estado e agências internacionais)