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''''Fed observa efeitos na economia''''

Bernanke deixa claro que se preocupa com risco moral

Por Nalu Fernandes com Dow Jones Newswires
Atualização:

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, disse ontem que a instituição deve levar em conta os efeitos da recente turbulência nos mercados financeiros nas decisões de política monetária. Ele observou, porém, que "não é responsabilidade do Federal Reserve, nem seria apropriado que fosse, proteger financiadores e investidores das conseqüências de suas decisões financeiras". Bernanke fez o discurso de abertura do seminário anual do Fed de Kansas City. Ele sugeriu que o Fed está pronto para reduzir o juro, a menos que as condições no mercado de crédito melhorem no curto prazo. "Os acontecimentos nos mercados podem ter amplos efeitos econômicos sentidos além dos mercados e o Fed deve levar tais efeitos em consideração quando na determinação de sua política." Para Bernanke, "o aperto nas condições do crédito, se sustentado, pode aumentar o risco de que a atual desaceleração do mercado imobiliário se aprofunde ou se prolongue mais do que o previsto anteriormente, com efeitos adversos possíveis sobre os gastos com o consumo e sobre a economia de modo mais generalizado". Ele reconheceu que "as perdas financeiras globais (provocadas em grande parte pelas preocupações com as hipotecas de segunda linha) excederam até as projeções mais pessimistas de perdas com crédito sobre tais empréstimos". Para analistas, o discurso indicou que o Fed continuará jogando duro com os participantes do mercado para evitar o chamado risco moral. Em compensação, fortaleceu a expectativa de que virá um corte de 0,25 ponto porcentual na taxa juros na reunião de 18 de setembro. Para o economista-chefe do Dresdner Kleinwort, Kevin Logan, "as palavras de Bernanke foram de amor exigente. (Alan)Greenspan não teria dito isso." O economista-chefe do Nomura Securities, David Resler, acredita que a decisão do Fed estará estritamente relacionada aos dados que serão divulgados sobre a economia do país. A percepção é compartilhada pelo economista-chefe do banco Wachovia, John Silvia. "O Fed não será conduzido por pânico nos mercados. Está disponível para agir, mas ficou claro que percebe que o tremor está intimamente ligado à questão subprime."

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