Fed sinaliza que pode aumentar juros antes do previsto e a um ritmo mais rápido

Ata da reunião de política monetária indica que os dirigentes do banco central americano avaliam a possibilidade de fazer um aperto maior para combater a inflação

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Por Gabriel Caldeira, Francine De Lorenzo, Matheus Andrade, Letícia Simionato e Gabriel Bueno
2 min de leitura

Os dirigentes do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, avaliaram que pode ser necessário elevar os juros mais cedo e de forma mais rápida do que o esperado, levando em conta as perspectivas para a inflação e para o emprego nos Estados Unidos. A informação faz parte da ata da última reunião da autoridade monetária americana, divulgada nesta quarta-feira, 5. 

O sinal do Fed indica a possibilidade de um aperto maior na política monetária, com efeitos sobre o crescimento da economia americana, o que teria consequências para empresas e economias ao redor do mundo.

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Prédio do Federal Reserve, nos EUA; dirigentes já não tratam mais a inflação persistente como 'transitória'. Foto: Samuel Corum/Bloomberg via The Washington Post

A inflação mais elevada e mais persistente nos Estados Unidos levou os dirigentes do Fed a mudar a sua posição. O termo “transitória” foi retirado da avaliação sobre a alta dos preços em 2021. Para a consultoria Capital Economics, a ata do Fed revela uma mudança para uma postura de aperto monetário notavelmente maior da parte dos dirigentes da instituição. O banco de investimentos BMO Capital avalia que a ata confirma os planos do banco central dos Estados Unidos de "seguir adiante com altas" nos juros em 2022. 

Segundo a ata, os dirigentes observaram que os desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia e à reabertura da economia continuaram a contribuir para níveis elevados de aumentos de preços. Outro problema são os gargalos na cadeia e emprego, que também limitam a oferta de produtos. 

Vários dirigentes do Fed julgam que as condições atuais do mercado de trabalho americano estão consistentes com a meta de pleno emprego da autoridade monetária, segundo a ata.A avaliação reforça a perspectiva de aperto monetário no país, já que a meta de pleno emprego é, junto com a de inflação, determinante para a política monetária.

Além disso, alguns dirigentes que participaram do encontro afirmaram que talvez seja necessário subir a taxa básica de juros nos EUA antes da economia atingir a meta de emprego, caso a inflação e as expectativas para os preços se movam de modo substancial e persistente para cima.

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O documento diz que, para alguns dirigentes, pode ser apropriado reduzir o balanço patrimonial do Fed logo após a alta de juros.

Redução do programa de estímulos

Os dirigentes do Fed concordaram na última reunião em reduzir o programa de compra de títulos (uma medida de estímulo econômico) num ritmo maior à luz da evolução da inflação e da melhoria no mercado de trabalho, destaca a ata. O valor das compras foi reduzido a US$ 30 bilhões por mês, sendo US$ 20 bilhões para títulos do Tesouro e US$ 10 bilhões para aqueles ligados a hipotecas. 

Segundo o documento, os participantes do encontro também avaliaram que reduções no ritmo de compras provavelmente seriam apropriadas nos próximos meses, para que o programa de estímulo se encerre em março.

O documento lembra que o fim dessas medidas ocorreria alguns meses antes do que o cronograma previsto na reunião anterior. 

Além disso, os membros da reunião observaram que a autoridade estava preparada para ajustar o ritmo das compras em caso de mudanças na perspectiva econômica, e que era importante manter a "flexibilidade para ajustar a postura da política conforme apropriado", segundo o documento.

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