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Ferrugem já atinge 2,6% da área de soja

Por Agencia Estado
Atualização:

A ferrugem da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, afetou de forma severa 400 mil hectares (2,6% da área total) de plantação de soja no Brasil na safra deste ano, com 112 mil toneladas de perda e prejuízo aproximado de US$ 24,7 milhões. "Pelo impacto e rapidez com que se dissemina é a principal doença hoje", disse o fitopatologista da Embrapa Soja José Tadashi Yorinori. Durante o 2º Congresso Brasileiro de Soja, pesquisadores de várias partes do mundo iniciaram as conversas para criar uma rede internacional de pesquisa e troca de informações. "Há grande interesse por parte dos Estados Unidos", disse Yorinori. O fungo ainda não foi detectado no país, que é o principal produtor mundial. A doença, originária do sul da China e que atingiu em 1998 o sul da África, provavelmente transferiu-se para o continente americano pelo vento. Em março do ano passado, foram observados focos no Paraguai e no oeste e norte do Paraná. Na região, o fungo encontrou condições climáticas favoráveis para proliferar, com temperaturas entre 12 e 28 graus e umidade de cerca de 12 horas nas folhas, causadas por chuvas ou pelo orvalho. "Ninguém esperava que fosse explodir a partir do Paraná", disse Yorinori. Na safra 2001/2002, a doença atingiu todas as regiões produtoras no Paraguai. No entanto, em virtude da estiagem não houve perdas econômicas. No Brasil, foi constatada nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Perdas de rendimento chegaram a até 70% em Chapadão do Sul (MS) e Chapadão do Céu (GO). De acordo com o pesquisador da Embrapa, no Estado de São Paulo apenas o município de Iepê, na divisa com o Paraná, foi afetado pelo fungo. Nas regiões onde o calor foi mais intenso e não ocorreram muitas chuvas, a doença não se desenvolveu. Os primeiros sintomas da ferrugem são minúsculos pontos mais escuros do que o tecido sadio da folha. Progressivamente, uma protuberância vai se formando na folha com coloração castanha. Nela abre-se um poro por onde saem os uredosporos que são carregados pelo vento até plantas sadias reiniciando o ciclo de contaminação. "As doenças de final de ciclo têm semelhança com a ferrugem, por isso confunde muito", disse o técnico. A queda precoce das folhas mais baixas prejudica a formação dos grãos, resultando em perda de rendimento e de qualidade. Segundo Yorinori, em agosto deverá ser realizada uma reunião, quando serão estabelecidas as normas oficiais para o uso de fungicida contra a ferrugem e analisadas quais as variedades mais resistentes. No Zimbabwe (África), onde a doença é endêmica, são feitas três pulverizações, mas o técnico da Embrapa considera essa prática "proibitiva" no Brasil, em razão do custo. Provavelmente se opte por uma única dose aplicada mais cedo do que o normal, para atingir as folhas inferiores, além do aconselhamento para que todos os produtores de uma mesma região procurem plantar na mesma época e variedades mais precoces. "Estamos armados para a próxima safra", afirmou.

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