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FGV: agropecuária causou maior parte da inflação do ano

Por ALESSANDRA SARAIVA
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Em torno de três quartos da inflação medida pelo Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) em todo o ano, que ficou em 7,38%, foi originada dos setores de agropecuária no atacado e de alimentação no varejo. A informação é do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. "A pressão dos aumentos nos preços dos produtos agropecuários foi muito mais forte este ano, principalmente no segundo semestre", afirmou o economista. Isso também influenciou o resultado de dezembro do IGP-10, que subiu 1,59%, ante alta de 0,71% em novembro. A forte aceleração nos preços dos produtos agropecuários no atacado, de novembro para dezembro (de 2,46% para 5,78%), foi um dos principais fatores que levaram à disparada do resultado do indicador mensal, de acordo com Quadros. Entre os fatores apontados pelo técnico para esse cenário, estão as fortes pressões de demanda, tanto no mercado externo quanto no interno. No mercado internacional, o economista lembrou o crescimento da procura por milho, devido à possibilidade de produção de etanol a partir do item. Ele comentou que muitos produtores de grãos, interessados em aproveitar o bom momento do milho, reduziram suas áreas de produção de outros itens, com objetivo de transferir a área produtiva para o produto. Isso levou, conseqüentemente, à menor oferta de outros grãos, como a soja. Além disso, a demanda externa também afetou um produto de grande peso no cálculo do IGP: os bovinos. "Não é só por causa do período de entressafra que a carne bovina está subindo de preço. A carne brasileira está sendo bem procurada no exterior", afirmou. A demanda interna também está forte no Brasil, segundo o economista. Na avaliação de Quadros, de uma maneira geral, as demandas internas dos países estão atravessando um bom período. "As pessoas estão comendo mais, consumindo mais. Os próprios dados de inflação dos países mostram isso", afirmou.

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