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FGV aponta novo trimestre de queda nos investimentos

Ibre/FGV projeta recuo de 2,2% no indicador entre janeiro e março, após queda de 2,5% registrada no último trimestre de 2018

Por Vinicius Neder
Atualização:

RIO - Os economistas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) revisaram sua projeção de crescimento para a economia em 2019, de 1,8% para 1,4%.

No primeiro trimestre, a expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha variação nula ante os três últimos meses de 2018, confirmando o quadro de paralisia na economia. A principal responsável por isso é a elevada incerteza quanto aos rumos da economia, com destaque para a falta de definição sobre a reforma da Previdência, disse a economista Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro Ibre.

Incerteza quanto aos rumos da economia pesa, diz a economista Silvia Matos. Foto: FABIO MOTTA / ESTADÃO

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Na economia real, essa paralisia se materializa na suspensão de projetos de investimento, ao mesmo tempo que os governos, em crise fiscal, cortam os investimentos públicos. A projeção do Ibre/FGV aponta para uma queda de 2,2% na formação bruta de capital fixo (FBCF, medida do total dos investimentos no PIB) no primeiro trimestre ante o quarto trimestre de 2018.

“Todos os números (do primeiro trimestre) vieram extremamente negativos, com baixo crescimento da produção e da importação de bens de capital”, disse Silvia, que apresentará as projeções atualizadas do Ibre/FGV para a economia no seminário “Perspectivas 2019”, promovido pelo instituto em parceria com o Estado, na quinta-feira, na sede da FGV em São Paulo.

Se confirmada, a queda na FBCF será a segunda seguida. No quarto trimestre de 2018, o investimento caiu 2,5% ante o terceiro trimestre. Segundo Silvia, diante das expectativas positivas após as eleições de outubro, seria natural haver alguma recuperação dos investimentos no início deste ano, mas a falta de articulação política do governo para aprovar mudanças na Previdência no Congresso Nacional cria dúvidas sobre a agenda de reformas.

“Há evidência, não só para o Brasil, mas também lá fora, de que a incerteza econômica atrapalha muito o investimento”, disse Silvia.

Para piorar, a economia brasileira foi atingida por dois choques negativos na virada de 2018 para 2019. De um lado, o agravamento da crise econômica na Argentina desde o segundo semestre do ano passado minou a demanda externa da indústria manufatureira, com destaque para a automotiva. Por outro, o rompimento de uma barragem de rejeitos de mineração da Vale em Brumadinho (MG), em janeiro, atingiu em cheio a indústria extrativa.

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Nas contas do Ibre/FGV, os dois choques retiraram 0,2 ponto porcentual do PIB na passagem do quarto trimestre de 2018 para o primeiro deste ano, ou seja, não fossem esses eventos, a economia poderia crescer 0,2% em vez de ficar no zero a zero, como estima a equipe de Silvia.

As projeções consideram a aprovação da reforma da Previdência num prazo e com a magnitude suficientes para impedir uma deterioração das contas públicas. Silvia reconhece que as projeções do Ibre/FGV estão “na ponta” otimista, diante de diversas estimativas que apontam para uma retração no primeiro trimestre, com crescimento em torno de 1,0% no ano. A economista não descarta retração no PIB no primeiro trimestre. Nas projeções do Ibre/FGV, a economia só não ficou no vermelho por causa do crescimento de 0,2% no consumo das famílias.

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