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FGV: combustíveis puxam inflação no varejo em abril

Por Marcilio Souza
Atualização:

A inflação no varejo, dentro do IGP-M, foi impulsionada em abril pelos preços dos combustíveis e também pelos serviços, apontou o coordenador do índice da FGV, Salomão Quadros. Entre março e abril, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) passou de 0,62% para 0,78%. Cinco dos sete grupos que compõem o indicador registraram taxas maiores entre um mês e outro, mas a maior contribuição foi dos Transportes, cuja alta passou de 1,15% em março para 1,75% em abril e acrescentou 0,08 ponto porcentual ao IPC.A alta da gasolina no varejo saltou de 0,89% em março para 4,32% em abril, enquanto o álcool hidratado foi de 6,73% para 13,45%. "Os preços dos combustíveis ao consumidor podem prosseguir em alta por pelo menos mais um mês, pelo menos até que os estoques atuais sejam consumidos", disse Quadros.Isso porque, no atacado, o álcool anidro, um componente misturado à gasolina, saltou da alta de 9,32% em março para 33,14% em abril. "A maior procura por gasolina no varejo fez crescer a demanda pelo anidro e, consequentemente, seus preços subiram", disse o economista. Isso ajuda a explicar, segundo ele, o fato de o álcool hidratado no atacado ter acelerado bem menos no período - passou de 11,44% em março para 11,79% em abril. Além disso, a gasolina na refinaria, ainda sem a adição do anidro, passou de 0,18% para 0,14%. "A gasolina não está subindo de preço na refinaria", disse Quadros.Na divisão entre bens e serviços dentro do IPC, o economista da FGV chamou atenção para o desempenho desses últimos. A variação acumulada pelos serviços no varejo em 12 meses passou de 5,98% em março para 6,12% em abril. Nessa mesma base de comparação, os serviços administrados passaram de 4,90% para 5,05% e os outros serviços foram de 6,93% para 7,07%. "No IPCA, esses outros serviços já estão rodando acima de 8% nos últimos 12 meses. Se no ano passado falou-se muito em alimentação para explicar a inflação, muito provavelmente neste ano a inflação será de serviços. Sobre eles, a demanda está pressionando e a valorização cambial tem efeito irrisório", disse Quadros.Ele acrescentou que esse vigor em serviços resulta de fatores como o mercado de trabalho aquecido e índices de confiança elevados, e para combatê-lo seria necessária uma desaceleração da economia. "O diagnóstico de inflação centrada em commodities já foi mais fiel à realidade", comentou o economista. "Saímos de uma situação em que pouco se poderia fazer para uma (situação) em que se pode fazer alguma coisa. Mas o que é preciso fazer não é o que se quer fazer", disse Quadros.

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