PUBLICIDADE

FGV: economia brasileira está em ambiente recessivo

Por ALESSANDRA SARAIVA
Atualização:

Em janeiro deste ano, a economia brasileira encontrava-se em ambiente recessivo, pelos critérios da Sondagem Econômica da América Latina, feita em parceria do Instituto IFO e a Fundação Getúlio Vargas (FGV). A informação foi dada pelo coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da FGV, Aloisio Campelo. O economista da fundação observou, no entanto, que a denominação de recessão é originada de um detalhe classificatório técnico do levantamento. As informações da sondagem são usadas para cálculo do Índice de Clima Econômico (ICE) da América Latina, que atingiu 2,9 pontos em janeiro deste ano, o pior nível dos últimos 19 anos e o menor da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 1990. Ele explicou que o ICE de cada país é formado por dois subindicadores: o Índice de Expectativas (IE) e o Índices de Situação Atual (ISA). Segundo Campelo, assim como outros oito do total de 11 países mencionados no levantamento, o Brasil apresentou IE e ISA abaixo de cinco pontos, em janeiro. Além de indicação de "clima ruim" na economia, essas pontuações inferiores a cinco pontos sinalizam, pelos critérios da pesquisa, a entrada do País em um ambiente recessivo. "Eu não estou dizendo que o Brasil está em recessão; nem a FGV está dizendo que o País está em recessão. O que estou dizendo é que, pelos critérios da pesquisa, uma nação que tem IE e ISA abaixo de cinco pontos é classificada como em recessão", ressaltou o economista. Ele comentou que há vários critérios para se classificar como recessiva a economia de um país. Um dos mais usados é a apresentação de duas quedas sucessivas em dois Produtos Interno Bruto (PIBs) trimestrais seguidos. E, por esse parâmetro, não há como classificar isso ainda, visto que a maioria dos resultados do PIB do último trimestre do ano passado, incluindo os do Brasil, ainda não saíram. "Acho essa palavra, ''recessão'' muito forte", comentou. Entretanto, ele considerou que a pesquisa ao proceder esse tipo de classificação leva em conta uma série histórica iniciada em janeiro de 1990, usada para mensurar o impacto de diferentes ciclos nas economias dos países usadas para cálculo do ICE da América Latina. Ele lembrou ainda que a sondagem não é feita com resultados consolidados de PIB, e sim com base em entrevistas com 137 especialistas e ou analistas de mercado, em 16 países. Na prática, ao se olhar os números do levantamento, a pontuação de 2,9 pontos em janeiro deste ano tirou a posição de pior nível da série histórica, em termos de clima econômico, ocupada pelo ICE de outubro de 1998 (3,3 pontos) ano da famosa crise russa. "Pelos critérios tradicionais da pesquisa, que procura mapear os ciclos econômicos do mundo e das regiões, no passado, diferentes ciclos econômicos já foram mapeados. E usando esses critérios, o resultado de janeiro (do Brasil) está enquadrado nisso, em ambiente recessivo", afirmou. Ele explicou que essa classificação leva em conta a percepção dos analistas em relação à mudança de trajetória e cenário em "agentes econômicos", como recuos na produção; número de contratações; e em dados de comércio. Assim, esses tópicos acabam sinalizando perspectivas que acabam influenciando as respostas dos pesquisados - que acabaram derrubando os resultados do ISA e do IE na maioria dos países latino-americanos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.