PUBLICIDADE

Publicidade

‘Estadão’ e FGV realizam 2º Seminário de Análise Conjuntural

Pesquisadores do FGV Ibre participarão de debate moderado por Adriana Fernandes, repórter especial e colunista do Estadão

Por Vinicius Neder
Atualização:

RIO - O crescimento econômico de 1,0% no primeiro trimestre ratificou o aumento do otimismo em relação às perspectivas para a economia em 2022, observado nas últimas semanas, mas o cenário segue cheio de obstáculos, com destaque para a inflação, juros em alta e rendimento das famílias em queda. Economistas esperam uma freada no segundo semestre. O quadro será debatido nesta quinta-feira, 9, no II Seminário de Análise Conjuntural, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre). O evento, transmitido pela internet, é organizado em parceria com o Estadão.

O aumento do otimismo em relação ao desempenho da economia em 2022 será garantido pelo crescimento deste início de ano. Após o avanço de 1,0% nos três primeiros meses, as estimativas captadas na pesquisa mais recente do Projeções Broadcast apontam para uma alta de 0,4% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, o que levaria a um crescimento de 1,5% em 2022 sobre 2021. Na pesquisa de meados de janeiro, antes, portanto, de o crescimento econômico do fim de 2021 surpreender positivamente, as projeções apontavam para alta de apenas 0,3% no PIB fechado deste ano.

Fatores que garantiram crescimento mais forte da economia no início do ano são atingidos em cheio pela inflação elevada e a alta dos juros; tema será discutido no seminário. Foto: Fábio Motta/Estadão

PUBLICIDADE

O problema é que os fatores que garantiram o crescimento mais forte no início do ano são atingidos em cheio pela inflação elevada e a alta dos juros, lembra Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro Ibre e uma das palestrantes do seminário. Os dois principais motores no primeiro trimestre foram a retomada do setor de serviços, com a demanda do consumo das famílias – bastante influenciado pela normalização das atividades mais afetadas pelas restrições ao contato social, como bares, restaurantes, hotéis e atividade de lazer –, e a demanda externa pelo agronegócio e demais atividades exportadoras.

No lado interno, por um lado, a inflação elevada corrói os orçamentos domésticos e diminui o apetite do consumo. Por outro lado, esse apetite será minado pela alta dos juros – a taxa básica Selic saltou de 2,0% ao ano para 12,75%, em pouco mais de um ano – empreendida pelo Banco Central (BC) para esfriar a demanda por compras a prazo e investimentos das empresas que poderiam levar a geração de mais empregos. No lado externo, movimento semelhante tenderá a arrefecer também a demanda pelas exportações brasileiras. E a perspectiva de menor fluxo de dólares para o País tende a elevar a taxa de câmbio e a aumentar o risco do mercado brasileiro.

Tudo isso tenderá a levar a um crescimento “bem menor” na segunda metade do ano, disse Matos. “E só piora o risco fiscal, com perspectiva de juros mais altos no ano que vem”, afirmou a pesquisadora, numa referência à expectativa de aumento de gastos do governo federal, de olho nas eleições de outubro.

Além de Matos, participam do seminário os pesquisadores Armando Castelar e José Júlio Senna, ambos do FGV Ibre. O debate será moderado por Adriana Fernandes, repórter especial e colunista do Estadão. Mais informações e inscrições: https://bit.ly/3O7GiyV