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FGV: IGP-M deve fechar 2008 com taxa acima de 10%

Por Flavio Leonel
Atualização:

O coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, afirmou hoje que a taxa acumulada do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) dificilmente ficará abaixo de 10% no fechamento do ano. Segundo ele, por conta de todo o processo aguardado para o comportamento dos preços do atacado, a tendência de inflação para o último bimestre de 2008, no âmbito dos IGPs, é de taxas mensais mais próximas das verificadas em outubro. Nos primeiros dez meses deste ano, o IGP-M acumula elevação de 9,53%, já superior à taxa de 7,75% de todo o acumulado de 2007. Nos últimos 12 meses encerrados em outubro, o indicador da FGV tem variação acumulada de 12,23%. De acordo com Quadros, em novembro, há uma tendência de aumento de ambas taxas. Especialmente em relação ao acumulado de 12 meses, ele acredita na aceleração basicamente por conta do método de cálculo, que deve retirar a taxa mensal de novembro de 2007, de 0,69%, e contabilizar o resultado novo do mesmo mês de 2008. "Para novembro, o IGP-M tem uma boa possibilidade de superar aquela marca de 0,69% e, com isso, as chances de o acumulado de 12 meses recuar são muito pequenas." Para dezembro, quando a taxa de 12 meses coincide com a do acumulado do ano, as projeções do coordenador são um pouco mais otimistas, já que ele avaliou ser pouco provável a repetição da elevada marca de 1,76% apurada no último mês de 2007. "Com isso, haveria a possibilidade de um recuo na taxa de 12 meses, mas não o suficiente para ficar abaixo de 10%", enfatizou, lembrando de toda a dificuldade para a realização de previsões em um ambiente marcado pelas incertezas relacionadas aos impactos da crise financeira internacional ao País. Dólar x commodities O coordenador de Análises Econômicas da FGV afirmou que o comportamento dos preços agropecuários do atacado foi o fator determinante para a aceleração do IGP-M entre setembro e outubro, quando a taxa de inflação passou de 0,11% para 0,98%. Segundo ele, a alta deste segmento teve influência muito mais do período de entressafra de alguns itens do que interferências ligadas ao aumento do dólar, já que, neste último caso, há um efeito de alívio proporcionado pela queda das matérias-primas (commodities) no mercado internacional. "Ainda não sabemos quem vai ganhar essa queda-de-braço entre câmbio e commodities, mas, até o momento, na agricultura, o efeito das commodities está prevalecendo", avaliou. Segundo Quadros, os efeitos da recente alta do dólar ante o real sobre o IGP-M foram captados de maneira significativa muito mais pelos preços industriais do atacado do que pelo segmento agropecuário. Para ele, isso ocorreu porque, neste último grupo, o recuo de commodities importantes no mercado internacional, como a soja, aliviou a pressão gerada pelo câmbio. "Enquanto, na parte agrícola, houve o alívio do comportamento das commodities e o impacto de alta ficou mais relacionado à questão das safras, nos preços industriais, a pressão do câmbio foi muito mais predominante", disse. Para Quadros, com as medidas que estão sendo tomadas pelo Banco Central para gerar liquidez para o mercado financeiro, é bem provável que os impactos de alta relacionados ao câmbio diminuam, o que traria um cenário um pouco melhor para os preços industriais. "O câmbio pode até demorar um pouco, mas daqui para o fim do ano, a tendência dele é recuar", comentou.

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