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FGV: inflação para baixa renda teve alta recorde em maio

Por ALESSANDRA SARAIVA
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O aumento de 1,38% em maio registrado pelo Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que é calculado com base nas despesas de consumo das famílias com renda de 1 a 2,5 salários mínimos mensais (R$ 415,00 a R$ 1.037,50), é o mais intenso da série histórica do índice, iniciada em janeiro de 2004. A informação é do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz. De acordo com ele, a taxa acumulada em 12 meses até maio (8,24%) também foi a mais forte da história do indicador. Além disso, a diferença em pontos porcentuais entre as taxas acumuladas em 12 meses do IPC-C1 e do IPC-BR (que mede o impacto da inflação entre famílias com renda maior, de até 33 salários mínimos, ou R$ 13.695,00) em maio foi a maior da história do índice. O economista da FGV considera esse dado preocupante, pois mostra que a recente aceleração nos preços dos alimentos continua afetando de forma mais intensa os mais pobres, que destinam cerca de 40% de seu orçamento familiar com compras de itens alimentícios - enquanto as famílias no âmbito do IPC-BR destinam em torno de 28% do total de seu orçamento para o mesmo tipo de gasto. "A população de baixa renda tem uma maior sensibilidade ao processo inflacionário. A inflação é sentida por todos; mas a magnitude dessa sensação é diferente, e varia de acordo com a renda", afirma. Braz observou ainda que essa diferença entre os resultados acumulados dos dois índices tende a aumentar. Isso porque itens de cesta básica, mais demandantes entre os mais pobres, ainda mostram fôlego para novas elevações no varejo. Muitos são derivados de itens agrícolas que ainda estão em alta no atacado. "Por exemplo, no atacado, o arroz está subindo 29,50% pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de maio. Ainda há espaço para repasse dessa elevação para o varejo e o arroz é um produto essencial (para a baixa renda)", disse, acrescentando que o feijão apresenta sinais de oferta menor esse ano, o que pode conduzir a elevações de preços no item. Entre as cinco mais intensas elevações de preço no varejo em maio, no âmbito do IPC-C1, quatro são originadas do setor de alimentação: pão francês (6,60%); batata-inglesa (18,47%); tomate ( 15,89%); e arroz branco (15,55%).

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