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FGV: investimento da indústria deve evitar inflação maior

Por ALESSANDRA SARAIVA
Atualização:

A indústria tem feito investimentos suficientes para atender à crescente demanda no mercado interno. Por isso, a alta de 3,5% no Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em março, que foi puxada principalmente por aumento nas intenções de compras, não pode ser encarada como sinalização para um futuro choque de demanda na inflação - visto que a indústria tem condições para gerar uma boa oferta, no mercado interno. A análise é do coordenador de Análises Conjunturais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Aloísio Campelo. Ele admitiu que o avanço na confiança foi "surpreendente" para um mês de março, conhecido historicamente por ser de confiança em baixa, no consumidor. "Isso se deve basicamente a fatores econômicos. Para o brasileiro, a economia ''vai bem, obrigado''", afirmou Campelo. Ele comentou que o consumidor não parece mais tão preocupado com uma escalada da inflação, como estava no ano passado - época em que os alimentos mais caros derrubaram a confiança do consumidor em vários meses, principalmente entre os consumidores de baixa renda. Além disso, o consumidor tem visto melhoras no mercado de trabalho, e em seu poder aquisitivo, devido ao aumento da renda. Campelo admitiu que esse cenário favorável, que tem puxado a forte demanda no mercado interno, pode se sustentar - o que pode gerar alguns pequenos surtos inflacionários, nos próximos meses. Entretanto, ele não acredita em um choque drástico de demanda, nos resultados futuros da inflação. O economista lembrou que os últimos resultados da pesquisa "Quesitos Especiais da Sondagem da Indústria da Transformação" mostram projeções de investimentos agressivos da indústria em aumento de capacidade de produção. "A indústria parece estar capacitada para encarar esse aumento da demanda", afirmou. Entretanto, ele citou dois setores como "as exceções", dentro desta hipótese: é o caso de material de transporte e de minerais não-metálicos, cujas indústrias não estão conseguindo acompanhar a crescente demanda. "(Em material de transporte) as montadoras estão com alguma dificuldade para atender os pedidos. Já no caso de minerais não-metálicos, não podemos esquecer que o setor da construção está bem aquecido, desde o ano passado", lembrou.

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