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FGV: itens industrializados deixam de segurar inflação

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

Os preços dos produtos industrializados deixaram de contribuir com variações negativas para a inflação e, com isso, a alta dos agrícolas ficou sem um contraponto na formação da média de preços. Essa foi a explicação do coordenador de análises econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, para ao aumento de 0,98% da inflação pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de agosto ante uma média de reajustes de preços de 0,28% mostrada pelo mesmo indicador em julho. "O pico da alta dos agrícolas se deu em agosto, mas preços que puxavam para baixo, como os industriais - e aí entram óleo combustível, querosene para aviação e outros derivados de petróleo -, que estavam sem pressões ou com pequenas quedas, passaram a pressionar a inflação", explicou Quadros. O segmento de óleos e combustíveis, por exemplo, mostrou um aumento médio de 5,16% nos seus preços em agosto ante um reajuste de 0,33% em julho. O álcool etílico hidratado, que no mês passado estava em queda de 10,85%, reduziu em agosto a deflação para 3,32%. De acordo com o coordenador da FGV, esse é um dos vários produtos que passaram a contribuir menos no contraponto às altas dos alimentos. E o comportamento dos alimentos, de acordo com Quadros, dá para contar com várias histórias: entressafra de carnes, grãos que sobem sazonalmente no segundo trimestre, aumento da demanda interna por força da maior renda e questões com origem no mercado internacional, entre outras. Preço do milho O preço do milho, de acordo com o coordenador da FGV, que tinha caído 1,31% em julho, sofreu um aumento de 6,34% este mês. "A queda do preço do milho em julho foi puxada pela colheita da safrinha de inverno, que já responde por quase 30% de toda a produção anual do grão", explicou o economista da FGV. Agora este impacto acabou e o valor da saca do produto voltou a subir. No acumulado de 12 meses, o milho já subiu 31,66%. De acordo com Quadros, isso está associado ao aumento da demanda pelos Estados Unidos para a produção de etanol. "O Brasil já está entre os maiores (é o terceiro) exportadores mundiais de milho", afirmou o economista da FGV. O impacto desse aumento do preço do milho já se fez presente na cadeia produtiva de vários outros produtos. Carnes e leite Nos preços das aves é bem claro este impacto. No ano, os preços já acumulam alta de 18,32%. "Há também neste mercado a recuperação da queda dos preços no ano passado por causa da gripe aviária com a reabertura dos mercados que haviam imposto barreiras à carne de frango de origem brasileira", pondera Quadros. As aves enquanto matéria-prima tiveram seus preços majorados em 1,35% dentro do Índice de Preços por Atacado (IPA) Agrícola em agosto. Os bovinos subiram 6,26% no atacado em agosto ante 5,84% em julho. "É o segundo preço agrícola mais importante", disse Quadros. Em 12 meses os bovinos acumulam alta de 15,50%. "Esse setor também está em fase de recomposição de preços desde o começo do ano. Mas no segundo trimestre sobe muito mais." No varejo, as carnes bovinas subiram 3,71% em agosto ante 2,85% em julho e em 12 meses acumula alta de 15,31%, quase que a mesma taxa de alta registrada pelo atacado. "O repasse das carnes do atacado para o varejo se dá forte e rapidamente", explica o coordenador da FGV. O leite in natura subiu 41,54% no atacado nos últimos 12 meses, sendo que em agosto a alta foi de 10,62% depois de ter subido 9,73% no mês passado. "A pressão do leite deve continuar", disse Quadros.

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