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FGV: preço na construção civil deve seguir em quedas

Por ALESSANDRA SARAIVA
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Os preços na construção civil devem continuar mostrar quedas e desaceleração nos próximos meses, na avaliação do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Ele fez o comentário ao analisar a taxa negativa de 0,11% registrada no Índice Nacional de Custos da Construção - 10 (INCC-10) de setembro, que representa 10% do Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10). "Isso é muito raro. Não é comum o INCC encerrar o mês em queda", afirmou. A queda de preços mensurada pelo INCC-10 foi concentrada basicamente em materiais e equipamentos, que mostraram intensificação de deflação, entre agosto e setembro (de -0,18% para -0,38%). Por sua vez, o preço de mão de obra está desacelerando (de 0,53% para 0,03%).Para o economista, os preços dos itens relacionados à construção estão subindo menos ou caindo devido ao atual cenário de desaquecimento do setor. Ele não descartou que esse tipo de trajetória perdure, pelo menos até o final do ano. "Pode ser que este setor venha a ficar muito aquecido. A expectativa é grande neste sentido. Mas não agora. Por enquanto os preços estão caindo porque a demanda também está caindo", disse, lembrando que, em 2008, época que o setor da construção civil encontrava-se em ritmo forte de lançamentos de empreendimentos, "era praticamente impossível encontrar uma taxa negativa (de preços) no INCC". AtacadoUma alta "generalizada" de preços no atacado levou ao fim a deflação no IGP-10, que saiu de uma queda de 0,60% para um avanço de 0,35% entre agosto e setembro. Segundo Salomão Quadros, vários produtos, de segmentos diferentes, estão apresentando aumento ou queda mais fraca de preços no setor atacadista, no IGP-10 de setembro. "A maior contribuição partiu dos preços de matérias-primas brutas, que estão caindo bem menos no atacado (de -3,03% para -0,40%)", afirmou o especialista.Entre as matérias-primas brutas, o destaque ficou por conta das commodities agrícolas. O preço da soja em grão, o produto agrícola de maior peso na formação da inflação atacadista, voltou a subir (de -5,92% para 0,75%) entre agosto e setembro; no mesmo período, a deflação do milho caiu pela metade (de -8,77% para -4,06%). Esse cenário levou ao fim à queda nos preços das matérias-primas brutas comercializáveis (de -4,62% para 0,32%), no qual estão inseridas todas as principais commodities agrícolas pesquisadas pela fundação.No entanto, outros produtos fora do segmento de matérias-primas brutas também ajudaram a formar a taxa positiva do IGP-10 de setembro. "Parece que houve um impacto conjunto de aumentos que vieram tanto do setor agropecuário como no setor industrial", afirmou o economista. Ele observou que, no setor agrícola, os in natura impulsionaram a inflação atacadista, em especial a disparada no preço do tomate (de -7,07% para 50,05%).No setor industrial, houve uma alta expressiva de preços em álcool hidratado (de 2,92% para 3,85%) devido ao recuo na oferta de cana-de-açúcar no mercado interno. Também chegou ao fim a deflação nos preços de automóveis para passageiros no atacado (de -0,16% para 1,33%) devido à época de novos lançamentos no setor automotivo.

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