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FGV: preços em queda no atacado levam a IGP-DI menor

Por ALESSANDRA SARAIVA
Atualização:

O cenário de quedas e desacelerações de preços "generalizadas" no setor atacadista levou ao recuo na taxa do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), na análise do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. O IGP-DI apontou inflação de 0,07% em novembro ante 1,09% em outubro. Segundo Quadros, o setor atacadista tem sofrido algumas pressões de elevação por parte da desvalorização cambial, que eleva os preços de itens relacionados à moeda norte-americana. Porém, esse fator foi compensado pelo forte impacto de oferta mais expressiva de itens no mercado doméstico que deveriam ter sido exportados - mas acabaram sendo alocados para dentro do País devido à expressiva desaceleração da economia mundial, que diminuiu a demanda externa. O economista fez uma ressalva, em sua explicação. Ele comentou que essa percepção de um recuo na demanda externa por produtos, principalmente do setor industrial, já havia sido detectada em outros índices inflacionários, mas não com a intensidade mostrada pelo IGP-DI de novembro. Tendo isso em vista, ele observou ainda que o cenário mostrado pelo setor atacadista não indica um cenário de recessão na economia brasileira, e sim uma influência indireta do que ocorre no mercado internacional nos preços do mercado brasileiro. "A queda generalizada nos preços do IPA-DI (ou seja, no atacado) não é a generalização da desaceleração da economia brasileira", ressaltou, acrescentando que é possível encontrar no atacado itens que subiram de preço. Entre os produtos que foram preponderantes para a queda de 0,17% no IPA-DI em novembro - que comandou a desaceleração do IGP-DI -, estão os do setor industrial, cuja movimentação de preços foi de 0,00% no mês passado - o menor nível desde julho de 2007, quando teve queda de 0,01%. A indústria da transformação foi o grande destaque, com os preços saindo de uma alta de 1,34% para uma queda de 0,28% - o mais baixo patamar desde dezembro de 2005 (-0,42%). Quadros explicou que, no setor industrial, um dos mais afetados pelo recuo na demanda externa foram os itens siderúrgicos, cuja produção é fortemente voltada para exportação. A taxa de inflação dos preços siderúrgicos caiu de 0,2% para 0,05%, de outubro para novembro, o menor nível desde novembro de 2007 (-0,27%). Entretanto, os preços junto ao consumidor continuam em aceleração (de 0,47% para 0,56%), pressionados pelos preços dos alimentos (que subiram 0,99% no mês passado, ante 0,83% em outubro). "Mas isso não vai durar. Muitos produtos agrícolas, de peso na inflação, estão caindo de preço no atacado, e isso deve ser repassado para o varejo em breve", disse, citando como exemplos as quedas registradas em bovinos (-2,84%), feijão em grão (-21,45%) e arroz em casca (-6,59%) no atacado em novembro.

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