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FGV: preços industriais no atacado pressionam IGP-M

Por ALESSANDRA SARAIVA
Atualização:

A forte aceleração nos preços industriais no atacado (de 0,87% para 1,74%) foi determinante para a taxa maior da primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que subiu 0,80% em novembro, ante alta de 0,55% em igual prévia em outubro. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, o setor continua fortemente influenciado pela desvalorização cambial. O dólar alto tem impactado preços de produtos que são relacionados direta ou indiretamente à cotação da moeda norte-americana. Entretanto, ele comentou que a evolução dos preços agropecuários no atacado ajudou a conter o impacto do aumento de preços industriais. Isso porque os preços agropecuários saíram de uma alta de 0,25% para uma deflação de 1,04%, da primeira prévia de outubro para igual prévia em novembro. Quadros comentou que não há um motivo apenas para a movimentação de queda nos preços agropecuários. Vários fatores, relacionados aos mercados interno e externo, contribuíram para esse cenário, de acordo com o economista. É o caso, por exemplo, do retorno à deflação nos preços de soja (de 2,58% para -1,16%); e feijão (de 13,30% para -10,66%). No caso da soja, o produto foi beneficiado por baixa de preço desse item no mercado internacional - visto que os preços das commodities estão caindo, devido ao acirramento da crise dos mercados internacionais. Já no caso do feijão, o preço do item também foi embalado por notícias de melhora na oferta do mercado interno. "Acho que o feijão estava em uma espécie de entressafra. Mas agora começa a regularizar (a oferta)", afirmou. Entretanto, outros tipos de alimento também registraram desacelerações e quedas importantes, devido a fatores sazonais característicos de cada setor. É o caso das movimentações de preços em mandioca (de 23,20% para 3,79%); bovinos (de -0,67% para -0,79%) e ovos (de -4,23% para -7,69%). Isso influenciou a queda nos preços agropecuários, segundo Quadros. O fato de a primeira prévia do IGP-M de novembro ter subido 0,80% não indica, necessariamente, que o resultado fechado do índice no mês deve ser próximo a 1%. "É muito cedo para afirmar algo nesse sentido", afirmou o economista. Ele não descartou a possibilidade de a taxa do IGP-M desacelerar, ao longo do mês. Isso porque o dólar em novembro não tem experimentado a mesma movimentação acelerada em sua cotação, como demonstrada em outubro. Foi a forte desvalorização cambial em outubro que causou os aumentos de preços mais intensos no setor industrial no atacado, registrados agora na primeira prévia de novembro do IGP-M. Na análise do economista, produtos cujos preços estão diretamente relacionados à cotação do dólar, como o minério de ferro, podem subir menos em novembro. Isso pode ajudar a diminuir a taxa do IGP-M ao longo de novembro, na avaliação de Quadros. "Não quer dizer que preços de produtos como o minério de ferro vão subir de forma insignificante. Mas que podem subir menos", explicou.

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