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FGV: preços no atacado puxam deflação do IGP-M

Por ALESSANDRA SARAIVA
Atualização:

Quedas disseminadas nos preços atacadistas conduziram à taxa negativa de 0,21% na segunda prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de junho, disse hoje o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Segundo ele, embora a queda de 0,15% nos preços do varejo tenha contribuído para o recuo na segunda prévia, a influência do atacado foi preponderante, devido ao peso do setor, que representa 60% do total do IGP-M. Os preços no atacado caíram 0,54% na prévia de junho, após subirem 0,40% na segunda prévia de maio. De acordo com Quadros, a desaceleração de preços no setor industrial (de 0,90% para 0,16%) foi mais importante que a intensificação da queda de preços no setor agropecuário (de -0,93% para -2,47%) na formação da baixa de preços no atacado.Quedas intensas nos preços do álcool têm contribuído de forma decisiva na formação de taxas negativas no atacado, dentro do setor industrial, devido à melhor oferta de cana, atualmente em período de safra. No cálculo da FGV, o álcool anidro é considerado dentro do setor industrial, por ser usado na formação da gasolina. Quadros lembrou que, no início do ano, houve aumentos de preços sucessivos no álcool, cuja oferta foi prejudicada por uma dura entressafra na cana de açúcar. "O álcool foi destaque, mas não é o único produto que está mostrando queda de preços no setor industrial. Tivemos, no setor, um cenário de quedas e desacelerações praticamente generalizadas, que vão desde artigos de vestuário até indústria química", resumiu o especialista.O setor agropecuário atacadista também contribuiu para o cenário de queda na segunda prévia do IGP-M, de acordo com o especialista. Quedas e desacelerações nos preços das commodities agrícolas no cenário internacional derrubaram valores de itens importantes, como algodão em caroço (baixa de 11,22%) e bovinos (recuo de 2,69%). Além disso, a deflação de 2,47% no setor agropecuário atacadista tem contribuído para derrubar os preços dos alimentos no varejo (baixa de preços de 0,81%). "No varejo, as maiores contribuições para esta deflação de 0,15% na segunda prévia do IGP-M foram alimentos e combustíveis", acrescentou o especialista, lembrando que, com o preço do álcool em queda no atacado, isso ajudou a reduzir o preço da gasolina (queda de 3,37%) e do álcool combustível (recuo de 16,43%) junto ao consumidor.

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