12 de setembro de 2013 | 16h46
"Houve um efeito de choque na confiança, um impacto meramente de sentimento em relação às manifestações", observa. Ele ressalta que, em agosto, as sondagens voltaram para o campo positivo, embora ainda registrem níveis historicamente baixos.
Além disso, o economista explica que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) - calculado pelo Ibre/FGV -, por exemplo, capta apenas a intenção de adquirir bens duráveis, traduzindo geralmente uma tendência de médio prazo. "Nesses, a expectativa continua não sendo favorável para o terceiro trimestre", afirma. Em julho, o ICC havia recuado 4,1% ante junho, enquanto agosto teve alta de 4,4% em relação ao mês anterior.
É o caso do setor de veículos, que amargou queda de 3,5% em julho ante junho. O segmento de equipamentos de informática, outro que está entre os bens duráveis, avançou 3,5% no período, mas vinha de quedas sucessivas desde março deste ano. A exceção foi a área de móveis e eletrodomésticos. O ponto fora da curva se deu, segundo o economista, em função dos estímulos do programa federal Minha Casa Melhor, que financia a aquisição desses artigos para beneficiários do Minha Casa Minha Vida.
Descontando isso, Campelo acredita que a melhora dos bens não duráveis pode impulsionar uma aceleração no varejo para o terceiro trimestre, embora talvez demore a rebater na indústria. O economista comenta que o setor de vestuário, por exemplo, acumulava estoques em agosto, mesmo com a expressiva alta de 5,4% em julho ante junho.
O descasamento entre os indicadores da economia brasileira desafiam os analistas. "É difícil captar o ponto", afirma Campelo. Mesmo assim, diz que os resultados de indústria e comércio vão em direções diferentes, porque parte do setor industrial não tem conexão direta com o consumidor. Ele destaca que as maiores quedas na indústria em julho foram nas categorias de bens de capital, intermediários e de consumo duráveis.
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