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FHC diz ao "El País" que Mercosul "está agonizando"

Em entrevista publicada, neste domingo, pelo jornal El País, Fernando Henrique destacou a falta da intervenção do Brasil na crise diplomática entre Argentina e Uruguai

Por Agencia Estado
Atualização:

O ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso disse neste domingo, 4, que o Mercosul está agonizando e que a situação pode se agravar caso um dos membros assine acordos de livre comércio com outros países. Ao mesmo tempo, FHC se queixou da perda de liderança de seu país na região. Em entrevista publicada, neste domingo, pelo jornal El País, Fernando Henrique destacou a falta da intervenção do Brasil na crise diplomática entre Argentina e Uruguai causada pela construção de duas fábricas de celulose em uma cidade fronteiriça. O ex-governante também se mostrou preocupado com o destaque do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na região, o que considerou um desafio. Sobre o Mercosul, Fernando Henrique disse que os países nunca se decidiram "por uma integração verdadeira, dando mais poderes a uma comissão supra-nacional, que levasse em consideração a diversidade de população e o peso econômico das nações". Defensiva "Com as crises cambiais e a conseqüente recessão do final da década de 90, que afetaram todos, mas principalmente a Argentina e o Brasil, alguns membros passaram a ter uma atitude defensiva". Segundo FHC, a liderança do Brasil na América do Sul "diminuiu na mesma medida em que alguns dos líderes brasileiros começaram a proclamá-la de forma ostentosa". "Além de ficarmos calados sem tomar uma atitude conciliatória no caso do conflito entre Uruguai e Argentina, deixamos que a Venezuela interviesse nos atritos da Bolívia com os países vizinhos, e nos acomodamos numa posição de encolhimento", disse. O ex-presidente comentou que os acordos de livre comércio entre os EUA e alguns países da região estão se proliferando e "a agonia do Mercosul aumentará": "Por trás disso está nossa tibieza ao reagir à proposta da Alca". "Rejeitamos o acordo global e agora nos vemos diante de uma onda de acordos parciais que desequilibrarão a integração regional", concluiu.

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