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FHC diz que juro é decisão "da sociedade"

Por Agencia Estado
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O presidente Fernando Henrique Cardoso disse, durante discurso no XII Congresso Brasileiro da Confederação das Associações Comerciais do Brasil, que as taxas de juros estão altas, mas que não é possível simplesmente baixá-las. "Taxa de juros não é decisão do governo, é da sociedade", afirmou. "Ainda não chegamos ao ponto de baixar o que deve. Seria irresponsável eu dizer: ´Amanhã vou abaixar? ". O presidente completou: ?Também acho as taxas de juros altas. Por isso, eu não deixo gastar e recebo pressões. Se eu disser sim, o desastre acontece aqui. Vamos ao desastre que está aí ao nosso lado. É só olhar um pouco mais ao sul: um país rico e próspero..." O presidente recoheceu que o consumidor paga juros absurdos. Ele disse, também, que a dívida pública aumentou muito por causa da taxa de juros e do reconhecimento de esqueletos fiscais. Fernando Henrique afirmou que é a favor da reforma tributária. "Ouço dizerem que o presidente não quer fazer reforma tributária, prefere recolher com mais força. Julgar intenção dos outros é muito fácil. Por que não avança? Porque cada um tem uma idéia, e cada contribuinte quer pagar menos imposto". E acrescentou: "Eu também quero pagar menos imposto, e cada setor quer receber uma fatia maior". O presidente mostrou-se favorável também à criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). "Por que não fazem o IVA? É porque tem de mudar e cobrar no destino, e não mais na origem" disse. Fernando Henrique completou: "Não sou eu que não quero (as mudanças). É um problema político, de poder, de força. Não há solução fácil. Se houvesse, teria feito. Eu não, o Congresso teria feito". No entender do presidente, a reforma tributária não ocorre porque há situações de interesses conflitantes. "Se eu fosse cínico, eu iria fazer, poderia criar um aumento de imposto para o próximo governo. Mas eu não sou cínico e não faria isso. É preciso que essa questão seja tratada com menos demagogia, mais competência técnica, mais esclarecimento". Ele resumiu a as discussões em torno da reforma tributária dizendo: "Há um travamento político. Uns ganham, outros perdem, e eu vou continuar empenhado nessa matéria". Sobre crescimento econômico, o presidente reafirmou a necessidade de aumentar as exportações para permitir que o País possa crescer. "Temos de crescer mais, e para crescer mais só exportando, e não é magia". Ele brincou: "Avião eu sou capaz de vender, mas pente e sapato, é difícil". FHC disse que os empresários não podem só continuar pensando no mercado interno. Segundo ele, é preciso criar mais poupança interna. Voltou a insistir que vai governar até o último dia. "Não estou aposentado, não", afirmou. "Vou trabalhar até o dia 31 de dezembro".

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