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FHC fala de Mercosul, Pacto Andino e Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

Os países do Mercado Comum do Sul (Mercosul) e do Pacto Andino (Chile, Bolívia, Peru, Equador e Venezuela) assinam nos dias 5 e 6, em Brasília, um acordo-quadro entre os dois blocos. A informação foi dada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Sérgio Amaral, durante a 12.ª Cúpula Ibero-Americana, na República Dominicana. O acordo, segundo Amaral, será o ponto de partida para a assinatura de um pacto de livre-comércio entre as duas partes. Hoje, o presidente Fernando Henrique Cardoso voltou a defender a ajuda do sistema financeiro internacional à Argentina. "Se (os argentinos) não tiverem apoio, não terão como sair da situação em que se encontram. É uma espécie de círculo vicioso. Enquanto não houver confiança maior, alguém vai ter de tomar uma decisão mais enérgica e encontrar uma solução heróica para eles", disse. Fernando Henrique começou o dia conversando com o presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, com quem deu um mergulho no mar, na Praia de Bávaro. O presidente brasileiro informou que conversou com Duhalde sobre a situação do país vizinho e disse que havia uma previsão de que, no encerramento do encontro entre os dirigentes ibero-americanos, os chefes de Estado presentes deveriam fazer uma moção de apoio à Argentina. FHC insistiu que a suspensão do pagamento de uma parcela da dívida com o Bando Mundial (Bird), anunciada há poucos dias pela Argentina, não configura uma moratória, mas uma situação momentânea de falta de recursos. Ele ressaltou também que os argentinos buscam encontrar meios de retomar os pagamentos. "É preciso vencer esse círculo vicioso, encontrar uma solução para a Argentina", afirmou. FHC lembrou que, no caso do Brasil, o Fundo Monetário Internacional (FMI) agiu rápido, mas ele ressaltou que as situações são absolutamente distintas. "Nesses anos, o governo brasileiro sempre fez o que disse que faria. A Argentina teve menos condições políticas e, certamente, o que acontece é que falta confiança na Argentina." Segundo o presidente, o mundo todo tem dificuldades. "Há uma aversão à liquidez, que é uma maneira elegante de se falar em recessão. Há uma recessão mundial, falta dinamismo na economia." De acordo com Fernando Henrique, o Brasil tem vencido, apesar das dificuldades. O presidente ressaltou que a economia brasileira é mais sólida e nunca deixou de crescer. "No caso da agricultura, este ano, vamos crescer 8%", comparou. Durante o pronunciamento que fez na reunião plenária dos chefes de Estado, FHC voltou a criticar as instituições financeiras internacionais e o protecionismo comercial dos países ricos. O presidente destacou a importância da construção de um sistema mais eqüitativo de comércio internacional, da busca de uma arquitetura financeira menos sujeita a turbulências e crises, e, portanto, mais favorável ao crescimento econômico. "É preciso afirmar, sem meias palavras: o procedimento dos países mais ricos e a instabilidade dos fluxos financeiros internacionais são hoje obstáculos consideráveis ao crescimento dos países em desenvolvimento. Daí, a importância dos processos de integração, que envolvem os dois lados dessa equação, os mais risco e os mais pobres", disse. "É o caso da discussão da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), dos entendimentos com a União Européia (UE) e das tratativas na Organização Mundial de Comércio (OMC) para uma nova rodada de negociações multilaterais." Fernando Henrique disse ainda que é preciso buscar também maior estabilidade no sistema financeiro internacional e lembrou que as distorções do mercado não se corrigem por si mesmas. "É imprescindível um sistema de normas legítimas, sancionadas multilateralmente, que reflita um princípio simples: mais oportunidades para os que mais precisam de oportunidades." Segundo o tucano, isso significa que nenhum processo de integração poderá prosperar se não atribuir a necessária prioridade aos temas de maior interesse para os mais pobres. "Como o tema da agricultura, o do assim chamado anti-dumping, o das regras de propriedade intelectual, o das barreiras não-tarifárias e o das distorções das normas sanitárias", enumerou. "Esses temas são fatores decisivos, não apenas para o impulso ao crescimento econômico, mas também para o êxito da promoção do desenvolvimento sustentável."

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