O presidente Fernando Henrique Cardoso disse hoje não ter conhecimento de que o governo brasileiro vá pedir prorrogação do acordo com o FMI. Ele afirmou, durante a II Reunião de Presidentes da América do Sul, em Guayaquil no Equador, que não considera necessária a prorrogação do acordo, mas ressalvou que não vê problema nisso. "Não vejo razão para isso. Não vejo necessidade", disse. Mas, "se for necessário para o bem do Brasil, para que os juros não subam, para que nós possamos exportar, não tenho nenhuma dificuldade em abrir negociações com o Fundo". O presidente disse que o FMI conhece a situação do Brasil e sempre deixou claro que o País, se for o caso, está em condições de negociar. Para Fernando Henrique, a decisão sobre a prorrogação do acordo "depende muito mais dos mercados do que de nós". Ele ponderou que a eventual prorrogação teria que ser feita com prudência, porque no ano que vem ele não será mais presidente do Brasil. Dólar e especulação O presidente disse que a alta do dólar no Brasil não está ligada a razões econômicas, mas sim a "especulação" ou "razões psicológicas". Questionado sobre o que era possível fazer para conter a alta do dólar, ele disse: "Como os fundamentos (da economia) estão sólidos, esta é uma boa pergunta. Na verdade, sobe e desce por razões que não são econômicas, que são ou de especulação ou psicológicas ou apostas desta natureza". Segundo ele, "tudo o que é requerido para que o dólar esteja numa posição mais razoável, ou seja, o real mais valorizado, do ponto de vista econômico e daquilo que está ao alcance do atual governo, está feito". O presidente criticou o comportamento dos mercados, afirmando que eles estão fazendo "apostas". Segundo ele, é isto que está por trás da alta do dólar. "Eles estão fazendo apostas, e eu acho isso equivocado da parte dos mercados, sobre comportamentos de futuros eventuais governos. Não tenho essa mesma mania de ser pitoniza (advinho) que os mercados têm".