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FHC será avisado, não consultado, sobre preço da gasolina

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando Henrique Cardoso será informado sobre todos os reajustes no preço da gasolina promovidos pela Petrobras de agora em diante, mas a decisão final será da empresa. "Há uma grande diferença entre informar e consultar", disse o presidente da estatal, Francisco Gros. O executivo informou que a empresa está avaliando, desde domingo, o cenário internacional para definir um novo reajuste, depois de ser obrigada pelo governo a suspender um aumento de 2,28% no preço da gasolina, que entraria em vigor na última segunda-feira. O ministro de Minas e Energia, José Jorge, que soube do aumento desconhecido por Fernando Henrique, evitou fazer comentários sobre o novo reajuste. "Esse mercado não é mais controlado pelo governo, então essa questão do aumento é com a Petrobras", disse. Jorge confirmou, porém, que o presidente da República não será esquecido da próxima vez. "O presidente Fernando Henrique será informado dos aumentos, na condição de representante do acionista majoritário da companhia" Gros disse que a empresa continua procurando alternativas ao aumento, apesar de o diretor financeiro da companhia, João Nogueira Batista, ter informado a analistas de mercado que o novo reajuste será definido em breve. O aumento no preço da gasolina foi justificado pela variação das cotações do combustível no mercado internacional e do dólar, no Brasil. Integração Gros e José Jorge reuniram-se com o presidente da Eletrobrás, Cláudio Ávila, e representantes do setor energético boliviano. Foi a primeira reunião da Comissão Mista de Energia Brasil-Bolívia, onde foram criados cinco grupos de trabalho para analisar projetos que aprofundem a integração energética entre os dois países. Dentre os projetos em estudo, está a retomada do pólo gás-químico na fronteira, paralisado desde que a Odebrecht, sócia da Petrobras no empreendimento, comprou a Copene. O pólo, orçado em US$ 1 bilhão, seria construído em solo boliviano, utilizando eteno retirado do gás natural que passa no Gasoduto Bolívia-Brasil. Os produtos produzidos (matéria-prima para plásticos) seriam importados pelo Brasil. José Jorge admitiu que haverá impacto negativo na balança comercial, mas o projeto tem o objetivo de aumentar os "benefícios econômicos e sociais da integração energética", em suas palavras. A importação de energia da Bolívia é outro tema em estudo. Cláudio Ávila, no entanto, lembra que há diversos entraves a este projeto, como o custo da energia e a questão ambiental, uma vez que a linha de transmissão teria que passar pelo pantanal. Na prática, o governo boliviano procura agregar valor ao gás natural produzido pelo país. Ou seja, ao invés de exportar só o insumo, exportar produtos acabados, de maior valor, como eletricidade ou produtos petroquímicos.

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