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Fiat terá fatia de 35% da Chrysler

Acordo dará à montadora americana acesso à tecnologia de fabricação de carros menores e menos poluentes

Por Detroit
Atualização:

A montadora italiana Fiat acertou um acordo pelo qual passará a deter 35% da companhia americana Chrysler, que enfrenta graves dificuldades financeiras. O acordo, anunciado pela Fiat em Turim, na Itália, e pela Chrysler, em Auburn Hill, Michigan, significa que a Chrysler voltará a ter uma considerável participação estrangeira em seu capital, depois de permanecer como empresa independente por apenas 18 meses. A Cerberus Capital Management adquiriu a Chrysler em 2007, quando a empresa foi posta à venda pela Daimler, da Alemanha. As duas companhias operaram com o nome DaimlerChrysler durante nove anos. O acordo permitirá à Chrysler utilizar a tecnologia e a plataforma de veículos da Fiat para construir em suas fábricas carros de tamanho pequeno e médio, mais econômicos, que serão vendidos na América do Norte. A Fiat dará à Chrysler o acesso a redes de distribuição em outras partes do mundo, particularmente na Europa. As companhias esperam "consideráveis oportunidades de redução dos custos", mas não falaram especificamente em cifras. A Chrysler, que no mês passado recebeu um empréstimo de US$ 4 bilhões do governo americano para evitar a falência, disse que a parceria será um "elemento fundamental" do plano de viabilidade que terá de apresentar até 31 de março, e que a Fiat contribuirá para desenvolvê-lo. A constituição da sociedade exigirá a aprovação do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos. "Essa iniciativa representa um marco histórico no panorama de acelerada transformação do setor automotivo e confirma o compromisso e a determinação da Fiat e da Chrysler, que continuam tendo um papel significativo nesse processo global", disse o presidente da Fiat, Sergio Marchionne, em nota. "O acordo oferecerá a ambas as companhias oportunidades para ingressar no principais mercados automotivos", disse Marchionne, "com um produto inovador que não polua o meio ambiente, beneficiando-se ao mesmo tempo de sinergias de custos adicionais." O acordo com a Chrysler foi concluído vários meses depois que as conversações sobre uma fusão com a General Motors foram abandonadas porque a situação do mercado foi se agravando. No ano passado, a Chrysler concluiu um acordo para a construção de caminhonetes para a Nissan-Renault, que por sua vez construiria carros pequenos para a Chrysler. Mas a definição desse acordo ainda não está clara. A Renault é a principal concorrente da Fiat na Europa. Para a companhia italiana, que parou de vender carros nos EUA em 1983, o acordo poderá proporcionar o retorno ao mercado americano. A empresa não planeja, porém, "injetar recursos na Chrysler ou comprometer-se com uma fusão com a Chrysler no futuro". As discussões entre Chrysler e Fiat se desenrolaram sigilosamente durante o debate em torno da assistência federal. Foi discutida a possibilidade de dar à Fiat a opção de aumentar sua participação na Chrysler para 55% - ou seja, o controle -, disse uma fonte na segunda-feira. Isso faria com que a Chrysler voltasse a ser controlada por capital estrangeiro. Ontem, porém, os grupos não revelaram as condições do acordo. A velocidade e as condições contempladas nas conversações entre Chrysler e Fiat mostraram a gravidade da situação em que se encontra a Chrysler, que estava disposta a ceder mais de um terço da companhia essencialmente de graça. No entanto, o acordo oferece a garantia ao Tesouro e à indústria automotiva de que a Chrysler é suficientemente atraente para encontrar um parceiro. "Essa transação permitirá à Chrysler oferecer aos revendedores e clientes uma linha de veículos competitiva muito mais ampla, que atende às normas relativas à economia de combustíveis e às emissões, e, ao mesmo tempo, às condições previstas pelo empréstimos do governo", disse o presidente da Chrysler, Robert Nardelli.

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