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Fidel deixa Monterrey porque Bush está chegando

Por Agencia Estado
Atualização:

Em um golpe teatral, o presidente de Cuba, Fidel Castro, sacou uma nota do bolso durante seu discurso na sessão presidencial da Conferência sobre o Financiamento ao Desenvolvimento, nesta quinta-feira, em Monterrey, e, lendo-a, pediu desculpas a todos por não poder "continuar acompanhando-os, devida a uma situação especial criada por minha participação nesta cúpula". Em seguida, Castro disse que estava regressando imediatamente a Cuba. Todos souberam imediatamente do que o líder cubano estava falando: a recusa de George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, em cruzar com Castro no "retiro", nesta sexta-feira, no Museu de Histórica Mexicana, em Monterrey, onde cerca de 50 chefes de Governo devem reunir-se, a convite do anfitrião, o presidente do México, Vicente Fox. A versão que corria nesta quinta-feira em Monterrey era que a diplomacia mexicana, chefiada pelo chanceler Jorge Castañeda, havia feito gestões discretas junto a Castro, para que ele desistisse de ir ao retiro. O líder cubano, portanto, estaria indiretamente referindo-se a estas pressões, vindas de um país que tradicionalmente apoiou Cuba nos conflitos deste país com os Estados Unidos. Castañeda, porém, negou enfaticamente que tenha feito qualquer pressão sobre Castro. Em seu discurso na sessão plenária, muito aplaudido, Castro disse que "a atual ordem econômica mundial constitui um sistema de saque e exploração como jamais existiu na história", e que ela "conduziu ao subdesenvolvimento 75% da população humana". "Não se pode culpar os países pobres por esta tragédia. Eles não conquistaram e saquearam durante século continentes inteiros nem estabeleceram o colonialismo, nem reimplantaram a escravidão, nem criaram o moderno imperialismo", disse Castro. O presidente de Cuba classificou como "genocídio" o fato de os habitantes do mundo desenvolvido viverem em média 30 anos a mais do que os da África subsaariana. Castro classificou o Fundo Monetário Internacional (FMI) como uma instituição "funesta" e defendeu o imposto sobre transações financeiras internacionais proposto pelo prêmio Nobel de Economia James Tobin, recém-falecido.

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