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Fiesp comemora medidas para tentar conter alta do real

Por Anne Warth
Atualização:

O impacto das medidas anunciadas ontem para conter a valorização do real ante o dólar ainda não pode ser medido, mas a indústria já comemora a disposição do governo para atuar nessa questão. O pacote foi avaliado como uma mudança no discurso do governo em substituição à indiferença manifestada pelo ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, que, diante dos apelos dos exportadores, declarou por diversas vezes "que o diabo do câmbio flutuante é que ele flutua". "Não me lembro de outra ocasião em que o governo tenha estudado um conjunto de medidas com o objetivo de interferir no câmbio para interromper a valorização do real. Sempre se falava que isso era um fenômeno natural do câmbio flutuante", disse o diretor do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini. "Não sabemos se as medidas vão funcionar, mas a disposição para adotá-las já sinaliza um bom caminho", acrescentou. Para a Fiesp, a isenção da incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas exportações é apenas uma correção, uma vez que o tributo não incide sobre produtos importados. "Agora vamos competir sobre condições iguais, embora eu não acredite que essa medida vai ter interferência sobre o câmbio", comentou. O fim da cobertura cambial tampouco deve resultar na desvalorização da moeda brasileira, analisa a entidade. Os exportadores não vão manter recursos no exterior, a menos que seja necessário", afirmou Francini, ressaltando que as aplicações no Brasil costumam ser mais rentáveis. "Temo que o impacto disso sobre o câmbio seja muito pequeno, se não inexistente", disse. Já a incidência de IOF para investidores estrangeiros que aplicarem em títulos deve ter resultados efetivos, avalia a Fiesp. Segundo cálculos da entidade, a medida equivale à volta da cobrança de Imposto de Renda sobre os títulos comprados por estrangeiros, desde que o dinheiro permaneça no País por ao menos um ano. Para prazos mais curtos, o IOF deve até superar o IR. "A questão que se coloca é se isso será exatamente como foi falado. Sabemos que o mercado financeiro é habilidoso para encontrar caminhos para fugir do pagamento do pedágio", afirmou.

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