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Fiesp e centrais pedem desoneração da folha e juro baixo

Por Gustavo Uribe
Atualização:

A desoneração da folha de pagamento e a redução dos juros uniram, em São Paulo, entidades patronais e trabalhistas em torno de uma agenda em comum de diálogo com o governo federal. Ao lado de dirigentes da Força Sindical e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, anunciou hoje a intenção das entidades de encaminhar nos próximos dias à presidente Dilma Rousseff um conjunto de propostas de longo prazo para o desenvolvimento da indústria nacional. O diagnóstico é de que a economia brasileira enfrenta uma perda de competitividade no mercado internacional que a tem levado a um cenário de desindustrialização. A intenção da iniciativa é de que seja aberto um diálogo permanente entre as entidades e o governo federal, nos moldes de uma câmara setorial da indústria."A indústria está sofrendo um ataque de produtos importados. Devemos ter em 2011 um déficit na balança comercial de manufaturados perto de US$ 100 bilhões. Isso compromete o emprego, a geração de riquezas e o desenvolvimento da indústria brasileira", disse o presidente da Fiesp, em entrevista à imprensa na sede da entidade. "É fundamental que haja, imediatamente, redução de juros, desoneração da folha de pagamento e outras medidas que possam compensar esse roubo de competitividade que estamos tendo com o real sobrevalorizado."As entidades reunidas hoje, de acordo com Skaf, estudam pedir a desoneração na folha de pagamento dos 20% da contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), redução dividida em 2011 e 2012. No âmbito fiscal, elas discutem ainda uma alíquota interestadual entre 2% e 4% do Imposto de Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) para produtos importados e nacionais.O conjunto de propostas que deve ser encaminhado à presidente Dilma Rousseff trata ainda da redução das taxas de juros, combate à inflação, redução da entrada de capital especulativo no Brasil (por meio da determinação de um tempo mínimo de permanência no País), transparência na cobrança de impostos e ampliação do prazo para recolhimento de tributos, entre outros temas."É um absurdo termos no Brasil a atual taxa de juros, que é altíssima. Um juro que gera mais de R$ 200 bilhões de despesas do governo federal, o que é três vezes o orçamento da Saúde", criticou o presidente da Fiesp, que considerou como viável a adoção pelo governo federal de instrumentos alternativos de política monetária, dando como exemplo a limitação de prazos de financiamentos. As medidas que serão enviadas à presidente, de acordo com Skaf, são resultado de estudos promovidos desde o início do ano pelas áreas técnicas das entidades.O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, avaliou como "muito grave" a situação da indústria nacional. De acordo com ele, o Brasil está virando um país de "apertadores de parafuso", ante o avanço dos produtos importados. "A ideia é juntar as forças para garantir emprego de qualidade na indústria, com tecnologia, porque esse tipo de emprego não está mais aqui, ele está lá fora."

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