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Fiesp: indústria trabalha com 82% da sua capacidade

Direto da fonte

Por Sonia Racy e sonia.racy@grupoestado.com.br
Atualização:

S ai hoje o esperado número sobre o PIB do segundo trimestre que, como adiantou a coluna ontem, deve vir forte, subindo 1,1% em relação ao primeiro trimestre e 6% em comparação com 2006. Simultaneamente, a Fiesp divulga o nível de emprego que, segundo informou ontem Paulo Francini, diretor do Departamento de Assuntos Econômicos da federação, não deve decepcionar. ''''A realidade vem surpreendendo'''', aponta o empresário, lembrando que no início de 2007 a previsão da Fiesp era de crescimento de 3,5% no ano. Agora, a previsão já pulou para algo entre 4,5% e 5%, semelhante à previsão de crescimento do PIB. Mas a indústria, historicamente, não cresce mais que o PIB? ''''Quando o crescimento econômico é vigoroso, sim, isto sempre acontece. Mas o inverso também é verdadeiro. Quando há crescimento medíocre, crescemos menos, como aconteceu no ano passado, quando o PIB foi de 3,7% e nós mal conseguimos chegar a 1,6% de crescimento'''', explica o empresário. Hoje, a tendência é de equilíbrio entre esses números, o que significa uma melhora parcial, ainda aquém do potencial brasileiro. Esta retomada da indústria e do PIB não vai desembocar em estrangulamentos, no ver de Francini. ''''Não vejo esgotamento da capacidade produtiva. No setor industrial, a ocupação, hoje, é muito parecida com a do ano passado, de 82%. Isto sinaliza que a capacidade de produção tem acompanhado a demanda'''', ressalta, não vendo nenhum perigo maior neste trajeto que impacte a inflação. ''''Existem, no entanto, alguns setores que estão mais pressionados, como automóveis, tratores, metais, açúcar e álcool, setores estes que vêm consumindo uma grande massa de bens duráveis, como máquinas e equipamentos'''', ressalta o diretor de Fiesp. Mas também aqui não vê perigo maior, pois são os que mais têm condições de aumentar a oferta e investir. ''''O que, aliás, já estão fazendo.'''' A produção, nos últimos 12 meses, segundo Francini, tem crescido em média 7% e o setor ainda trabalha abaixo da sua capacidade. IMPRESSÃO DIGITAL Pela análise que Alexandre Schwartsman, do ABN Amro, distribuiu ontem a seletos clientes, o ex-BC não concorda com a Fiesp. O economista vê um descasamento entre o nível de crescimento do investimento e a oferta na indústria. ''''Uma persistente redução do hiato do PIB parece inevitável diante dos atuais níveis de impulso monetário e fiscal, que devem continuar pressionado o crescimento da demanda e da produção'''', escreveu. Segundo Schwartsman, esse processo é ''''tipicamente consistente com o crescimento de pressões inflacionárias''''. Portanto, acha improvável que ocorra uma nova redução nas taxas de juros por um longo período. NA FRENTE TARIFA ÚNICA... Poucos sabem, mas existem mais de 80 tipos de tarifas bancárias vigentes no Brasil. Uma montanha de taxas que, segundo o professor Jairo Saddi, do Ibmec/SP, deveria ser uma só, apesar de existirem vários produtos financeiros. ''''O serviço bancário deveria ser único, cobrado por um único preço.'''' Por esta razão, um grupo da Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados, da Secretaria de Acompanhamento Econômico e do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor pretende mudar a situação atual e estabelecer um novo marco regulatório. ''''É preciso padronizar a cobrança, sem tabelamento de preços'''', defende Saddi. ... MOBILIDADE PLURAL Mas, segundo o advogado, se não houver maior mobilidade do consumidor bancário, não adianta intensificar a fiscalização ou aumentar a transparência da informação. ''''É preciso que um cliente insatisfeito com o preço que paga por um determinado serviço tenha liberdade de escolha'''', observa, lembrando que, em países desenvolvidos, bancos concorrentes dão benefícios para que o cliente possa migrar de um banco para o outro, oferecendo facilidades, como a transferência imediata de todos os seus débitos automáticos. O fato é que a famosa portabilidade dos dados cadastrais bancários, aprovada no ano passado, até hoje não saiu do papel. VALE EM NÚMEROS Para os que criticam a privatização da Vale do Rio Doce, aqui vão alguns números para se pensar. Entre sua fundação, em 1943, até 1997, quando foi privatizada, ou seja, em 54 anos, a média anual da contribuição social (impostos, dividendos à União, salários e ações sociais) foi de US$ 259 milhões. Já no período ''''privado'''', este número cresceu para US$ 1,3 bilhão. Resumindo: a média cresceu apenas 397%... BRASIL EXPORT Um sistema desenvolvido pela ArcelorMittal Tubarão (também ex-estatal), que faz a gestão dos investimentos sociais da siderúrgica, será utilizado por todas as unidades do grupo no mundo. Multiempresa, multimoeda e já operando em três idiomas, o aplicativo está sendo acessado remotamente de Luxemburgo, de onde já atestou sua funcionalidade. REFLEXOS DA CRISE AÉREA De outubro de 2006 para cá, o Rio Quente Resorts registrou aumento de 16% na venda de pacotes rodoviários para seu complexo de lazer em Goiás. Mais surpreendente ainda é o incremento das viagens de automóveis para o destino no período: crescimento de 64% nas reservas. CURTAS O Itaú sai no socorro dos portadores de deficiência. A Africa, de Nizan Guanaes, produziu cartilhas em braile, filme de TV com legenda e um hotsite que permite a leitura por deficientes visuais. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, participa hoje da abertura da 4ª Conseguro, no Rio. Vai falar dos avanços do PAC. Avanços? Ben Bernanke, do Fed, não trouxe novidades ontem. O que não impediu que apostas em corte mais agressivo de juros nos EUA crescessem. Vai entender...

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