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Fiesp pede firmeza contra alta do dólar

Por Agencia Estado
Atualização:

O diretor de Competitividade Industrial da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Mario Bernardini, disse à Agência Estado que o governo tem que ter coragem de tomar medidas duras, no momento em que o dólar chega à casa dos R$ 3,00, para que a economia brasileira não afunde de vez. "Tem que cuidar dos preços administráveis, ter uma política para conter os preços dos tradeables (produtos como aço, alumínio e soja, por exemplo, cotados internacionalmente) no mercado interno e ter coragem de baixar os juros para conter o custo da dívida", afirmou. Se os preços administráveis e dos tradeables dispararem, a inflação fica comprometida, explicou. "Se houver uma política razoável para combustíveis, por exemplo, é bom para a inflação, e o impacto nos custos da indústria é menor", disse. Para não deixar os preços das tradeables dispararem no mercado interno, Bernardini disse que o governo poderia criar impostos de exportação, por exemplo. "O produtor fica tentado a exportar, porque o preço internacional é vantajoso para ele por causa do dólar caro. Então, diminui a oferta no mercado interno, e o preço sobe. Para inibir isso, um imposto de exportação serve, porque deixa de ser atrativo vender lá fora. Você então controla o preço interno e a inflação", analisou. O governo, disse, tem que ter coragem para sacar a arma. "E de atirar se for preciso. Às vezes a ameaça é suficiente. Mas se ameaçar e depois não cumprir, fica pior", afirmou. Segundo ele, o Banco Central (BC) poderia, numa situação ainda mais extrema, até centralizar o câmbio. "Vender dólar só para quem tem vencimentos a pagar no exterior, não para quem vai colocar no colchão", disse. Bernardini acha que o erro do BC e do governo foi "sempre achar que o céu era de brigadeiro e ter empurrado tudo com a barriga", sem ter tomado antes, com a economia mais estável, medidas de proteção. "Poderia (o BC) ter comprado mais dólares quando a cotação era menor, de R$ 2,30 por exemplo, para ter caixa para intervir quando necessário", afirmou. Segundo ele, se o governo não agir nestes seis meses que faltam até a troca de presidente, o País ficará num beco sem saída e poderá, sim, quebrar. "Há problemas com as dívidas interna (30% indexada em dólar), que tem juros muito altos, e externa, que precisa da entrada de US$ 9 bilhões neste ano para ser rolada. Se isso não for solucionado, fica difícil (o Brasil) não ser uma nova Argentina", disse.

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