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Fiesp prevê 80 mil demissões em dezembro na indústria

Por Anne Warth
Atualização:

O emprego na indústria paulista deve recuar novamente em dezembro, segundo as previsões da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A entidade revisou sua expectativa para o crescimento do emprego em 2008, que era de alta entre 2,5% e 3%, para um crescimento modesto de 1,5%. No acumulado do ano de janeiro a novembro, o emprego industrial no Estado acumula alta de 5,66%, com a criação de 123 mil postos de trabalho. Se as perspectivas da Fiesp forem confirmadas, 80 mil trabalhadores perderão o emprego em dezembro - 60 mil no segmento sucroalcooleiro e 20 mil nos demais setores que compõem a indústria paulista. Dessa forma, o ano de 2008 terminaria com a criação de 40 mil vagas de trabalho na comparação com 2007. No mês passado, a indústria paulista dispensou 34 mil trabalhadores, ante uma redução de 10 mil vagas em outubro. Tradicionalmente, nos últimos dois meses do ano o nível de emprego no setor registra queda, influenciado pela indústria de açúcar e álcool, que concentra as demissões nesse período. De janeiro a novembro, esse setor contratou 80 mil trabalhadores, dos quais 60 mil devem ser dispensados em dezembro. O peso do segmento de açúcar e álcool é significativo no emprego industrial paulista: 65% das 123 mil vagas criadas ao longo do ano estão ligadas à indústria sucroalcooleira. Neste ano, porém, as expectativas de desaceleração econômica no ano que vem se somam a esse fenômeno sazonal. A Fiesp prevê que outros 20 mil trabalhadores dos demais sejam dispensados em dezembro. "Já esperávamos uma desaceleração na criação de empregos, mas ela foi amplificada pela crise. Não há dúvida de que mais ações do governo serão necessárias. A crise recém chegou, e os estragos apenas começaram. Tivemos a falsa ilusão de que não seríamos afetados ou que seríamos pouco afetados", disse o diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, Paulo Francini. Setores Na avaliação dele, mais importante que os números do emprego em novembro - houve queda de 1,46% ante outubro sem ajuste sazonal, o segundo pior resultado para meses de novembro desde 2003, superado apenas pela diminuição de 1,63% em 2006 - é o espraiamento do desemprego entre os setores. Dos 21 segmentos que fazem parte do cálculo da Fiesp, 14 demitiram em novembro - dois terços da indústria paulista. Apenas cinco fizeram contratações e dois mantiveram estabilidade. Quando o emprego recuou mais intensamente, em novembro de 2006, o número de setores que demitiram foi menor (11) e a quantidade de segmentos que contrataram foi maior (8). "Ou seja, a queda no emprego é espalhada, o que preocupa muito", explicou Francini. Chama atenção o fato de que muitos dos setores que mais demitiram em novembro estão ligados à indústria automobilística. É o caso de autopeças, couro, borracha e plástico, produtos de metal e têxteis. Também registrou queda no emprego o segmento de máquinas e equipamentos, influenciado pela postergação e pelo cancelamento de investimentos por parte de grandes clientes.

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