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''Filiação não altera rumo da política monetária''

Henrique Meirelles: presidente do Banco Central; para Meirelles, preocupação com a sua adesão a um partido e eventual candidatura [br]só existe no Brasil

Por Nalu Fernandes e NOVA YORK
Atualização:

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não vê preocupações de investidores estrangeiros com sua eventual filiação a um partido, para disputar eleições no próximo ano. Para Meirelles, o fato de estar vinculado a um partido também não poderia ser usado como um precedente para que o presidente da República, que será eleito em 2010, indique para a presidência do BC um nome da própria base aliada, em detrimento das credenciais que pesariam para a condução da política monetária. Meirelles era do PSDB antes de ser nomeado para o cargo no Banco Central pelo presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista exclusiva à Agência Estado, em Nova York, o presidente do BC acrescentou que interpretações de que as decisões do BC poderiam ser influenciadas pelo Poder Executivo nascem de um equívoco de avaliação. A seguir, os principais trechos da entrevista. O sr. teve oportunidade de ver muitos investidores nessa viagem aos Estados Unidos. Quão preocupados eles estão sobre uma eventual filiação sua a um partido ao mesmo tempo em que permanece no Banco Central? Não senti grande preocupação. Não há muita dúvida de que isso não altera a condução da política monetária no Brasil nos próximos meses. Existem perguntas sobre o que aconteceria caso eu saísse do BC, seja a partir de abril de 2010 ou a partir de janeiro de 2011. Esse é o foco. Em resumo, não é um problema de se filiar ou não. Essa é uma preocupação que existe mais no Brasil. Aqui a preocupação é a seguinte: saindo do Banco Central, o que esperar da condução da política monetária no Brasil? A filiação do sr. a um partido poderia ser um precedente para que o próximo presidente indique alguém da base política de apoio? Acho que não. Existem claramente critérios de qualificação técnica, de experiência anterior. O que me qualificou para a presidência do BC foram 40 anos de experiência no mercado financeiro mundial, não foram três meses de vida política. Evidentemente, é sempre importante que qualquer presidente do Banco Central tenha qualificação técnica, a experiência e a credibilidade necessária para assumir o cargo. Pode haver uma sombra sobre a independência operacional do Banco Central? Primeiro, não há nenhuma dúvida sobre o que aconteceria neste ano ou no início do ano que vem. A dúvida é qual seria a orientação de política monetária após a minha saída do Banco Central, seja em abril (2010) ou janeiro (2011). Em dito isso, a dúvida é se vai ser mantido o tripé do sistema de metas de inflação seguido criteriosamente, a flutuação cambial e a austeridade fiscal. Essa dúvida é normal de qualquer mudança de governo em qualquer país do mundo, e isso não é uma prerrogativa do Brasil. Haveria muitas dúvidas sobre o que aconteceria nos EUA caso não fosse reapontado o Bernanke. É natural isso. Portanto, é natural que exista essa pergunta. A minha opinião eu já dei. Acho que, por tudo aquilo de que se beneficiou a sociedade brasileira nos últimos anos, eu acredito que será muito difícil para qualquer presidente da República mudar a orientação de política econômica.

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