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Financeiras e bancos já elevam juros para a compra de carro

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Por Márcia De Chiara
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Bancos e financeiras já ensaiam um aumento nas taxas de juros dos financiamentos de longo prazo em razão das recentes turbulências no mercado financeiro internacional. Na semana passada, o crédito para compra de veículos, por exemplo, que tem prazo de até sete anos, ficou ligeiramente mais caro. O acréscimo foi, em média, de 0,5 ponto porcentual na taxa de juros mensal cobrada por vários bancos e financeiras, segundo levantamento feito a pedido do Estado pela M.Santos Publicidade, agência especializada em varejo automotivo. O motivo da elevação é o aumento no custo de captação do dinheiro para bancar o crédito de longo prazo. As taxas de juros de três a quatro anos no mercado futuro, que estavam numa faixa de 10% ao ano antes da crise financeira na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), já ultrapassaram os 12,2% ao ano. Esse é um dos primeiros efeitos da crise financeira na economia real. Há informações de que os agentes financiadores têm um plano B, que inclui o encurtamento de prazos, caso a volatilidade nos mercados aumente. "Entre os grandes bancos comerciais e financeiras, hoje não existe taxa de juros para compra de veículos abaixo de 1%, exceto em promoções especiais", afirma Ayrton Fontes, economista da M.Santos responsável pelo levantamento. A Primo Rossi, concessionária de veículos da marca Volkswagen, confirma a elevação dos juros. As taxas mensais subiram, em média, 0,09 ponto porcentual na semana passada, mas os prazos foram mantidos, informa o presidente da empresa, Vittório Rossi Júnior. Ele observa que o movimento de alta não é generalizado. A financeira Finasa, do Bradesco, e o Itaú aumentaram os juros, diz Rossi Júnior. Segundo ele, a venda de veículos continua aquecida, mas já sentiu certa cautela por parte do consumidor que procura carro novo. A financeira BV, do Banco Votorantim, que tem 16% do mercado, informa que fez um ajuste de 0,1 ponto porcentual na taxa mensal de juros na semana passada. As taxas variam entre 1,3% e 1,95% ao mês, dependendo dos prazos, que chegam a 60 meses. Mas a financeira não descarta a possibilidade de voltar atrás nos aumentos, dependendo do mercado. "Boa parte dos bancos comerciais já alterou as taxas de juros dos financiamentos de veículos, retornando a níveis de três a quatro meses atrás", afirma o diretor comercial do Banco GMAC, Gunnar Murillo. Seu banco, no entanto, que está ligado à montadora GM, não mudou os juros. "Acendeu o sinal vermelho no mercado de financiamento de veículos", diz Celso Amâncio, diretor da Senarc, empresa especializada em recuperação de crédito. Ele observa que, além das turbulências financeiras, os níveis de endividamento e inadimplência estão elevados. Procurados pelo Estado, Bradesco e Itaú informaram que não subiram os juros. O Unibanco e o ABN Amro não retornaram as ligações.

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