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Financeiras prevêem menos empréstimos

Estimativa de crescimento cai de 35% para 25%. O racionamento de energia e seus efeitos na economia brasileira, aliados à inadimplência, os juros altos e a escalada do dólar, diminuem a disposição das financeiras em oferecer crédito.

Por Agencia Estado
Atualização:

As financeiras começam a reduzir as projeções de crescimento do volume de empréstimos em 2001. Estimativas que apontavam aumento de até 35% nas carteiras de crédito neste ano ante o desempenho de 2000, agora indicam um acréscimo da ordem de 25%. A crise energética e seus efeitos colaterais, como o risco de aumento do desemprego, somados à inadimplência já elevada, os juros básicos crescentes e o dólar em alta estão fazendo com que as instituições reduzam a oferta de novos empréstimos, especialmente em prazos mais longos. A Servloj, por exemplo, empresa que administra 190 mil crediários de 600 lojas, registrou nas duas primeiras semanas deste mês queda de 25% no volume de empréstimos para a compra de eletrodomésticos na comparação com maio e junho do ano passado. Nas linhas de artigos de vestuário, móveis e materiais de construção, a retração foi da ordem de 20% e 10%, respectivamente. Os volumes de créditos aprovados neste mês pela financeira Exprinter estão 10% abaixo do esperado na linha de móveis e 15% nos materiais de construção. Estatísticas preliminares da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) confirmam a desaceleração do crediário. Entre os dias 1.º e 12 deste mês, a média diária de consultas para vendas a prazo (SCPC) aumentou 2,7% em relação a igual período de 2000, o menor índice de crescimento mensal neste ano. Em maio, a taxa de crescimento anual estava em 10,3%. "O consumidor está parando de comprar e de pagar", diz o diretor-geral da Servloj, Oswaldo de Freitas Queiróz. Ele explica que a preocupação com o desemprego está reduzindo o otimismo para ir às compras. Além disso, com o racionamento as pessoas estão adiando a aquisição de eletrodomésticos. Inadimplência: preocupação das financeiras Diante deste cenário, a Servloj, que projetava aumentar em 15% o volume de empréstimos neste ano ante o anterior e já cresceu 10% de janeiro a maio, agora considera a possibilidade de fechar 2001 com retração. "Estamos preocupados com o futuro porque a inadimplência não está caindo", observa Queiróz. No mês passado, a instituição registrou perda 10,3% dos créditos atrasados mais de 180 dias; em abril o índice estava em 10,1%. O diretor-executivo da Losango, promotora de crédito do Lloyds Bank, Leonel Andrade, avalia que o racionamento poderá agravar a inadimplência. Ele pondera que, no caso da sua empresa, os índices estão mantidos na comparação com o ano passado. De janeiro a maio, os volumes de crédito da Losango, que envolvem, empréstimo pessoal, financiamento a lojistas e veículos, cresceram 35% em relação aos mesmos meses de 2000, superando a meta inicial de 25% traçada para o ano. Depois da mudança do cenário macroeconômico, a perspectiva agora é fechar 2001 com crescimento dentro da meta inicial de 25%. A Exprinter é outra que está readequando as estimativas. De janeiro a maio, a financeira ampliou em 30% a carteira de crédito. "Imaginávamos que poderíamos fechar o ano com crescimento de 35%", diz o diretor Leonardo Benvenuto. Mas ele acredita que poderá aumentar em 25% os volumes de empréstimos sobre o ano anterior.

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