PUBLICIDADE

Publicidade

Financiamento e leilões de energia são alternativas

Além de linhas especiais de crédito, governo pode incentivar a geração de energia a partir do bagaço de cana

Foto do author Célia Froufe
Foto do author Renato Andrade
Por Célia Froufe (Broadcast) e Renato Andrade
Atualização:

BRASÍLIAO governo tem nas mãos alternativas para incentivar a produção de etanol no País sem que, para isso, precise prejudicar a venda de açúcar, peça importante no faturamento do setor sucroalcooleiro. A criação de linhas de financiamento específicas, redução de impostos e fortalecimento dos leilões de energia produzida a partir da queima do bagaço de cana são algumas das sugestões apresentadas por especialistas. Resistente no início, o governo já considera a possibilidade de financiar diretamente o setor, oferecer subsídios ou benefícios que atraiam investimentos. Com a crise financeira em 2008, a modernização das usinas e a implantação de novas praticamente pararam. O cenário que se tem hoje é o de que o segmento segue deficitário em investimentos e que para atingir um nível ideal de oferta de produto seria necessário aplicar R$ 15 bilhões por ano, em uma década.Para Ricardo Corrêa, analista de energia da Ativa Corretora, o governo precisa dar um tratamento diferenciado ao álcool combustível. No ano passado, o governo chegou a ofertar, sem sucesso, uma linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investir em armazenamento do produto. O dinheiro ficou no banco porque os produtores não acharam as condições atrativas. O maior problema era o nível de garantias exigidas. A mudança de tratamento pode vir com a decisão do governo de jogar para a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) a função de regular o setor, decisão que deve ser tomada em maio. Para Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), a alta do preço do etanol durante a entressafra da cana reflete um descompasso no ritmo de expansão da produção de carros flex e do álcool combustível. "Vai ficar mais grave se não mudarmos o cenário."Pelas estimativas da entidade, a nova safra (2011/2012) deve garantir uma produção de 25 bilhões de litros de etanol. Excluindo o volume que será exportado - cerca de 1,5 bilhão - o restante será suficiente para atender cerca de 45% da frota de carros flex do mercado nacional.Para Corrêa, uma das formas de garantir investimentos seria melhorar as condições de venda de energia produzida pelas destilarias nos leilões governamentais. "Há dificuldade em colocar a energia de cogeração em leilão, e as empresas que têm disponibilidade de crédito para construir novas usinas preferem adquirir antigas." InvestimentosR$ 15 bilhõesdeveriam ser aplicados por ano, ao longo da próxima década, para que o setor atinja um nível ideal de oferta do produto

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.